Moro em São Paulo desde que nasci e, desde a adolescência, frequento a Avenida Paulista. É uma segunda casa, um lugar que me sinto feliz e confortável. E, apesar dessa minha relação pessoal, nunca tinha sequer ouvido falar de assalto ao Banco Itaú no número 1948, uma imponente esquina, próximo ao antigo Bob's. Por isso foi com surpresa que soube do filme Assalto na Paulista, longa-metragem de Flavio Frederico (Urbania), estreia desta quinta, 25.
A história, como disse, é sobre o assalto ao Banco Itaú da Paulista. Só que, como qualquer filme do gênero, o foco não está apenas no ato, mas também nos personagens. O acontecimento gera a ação, as pessoas, o drama. É uma fórmula já usada há décadas, das mais diferentes formas, desde o clássico Vida de Cão até a série La Casa de Papel, desde o recente documentário A Verdadeira História do Roubo do Século até o elogiado filme brasileiro Assalto ao Banco Central.
Em uma primeira camada, Assalto na Paulista funciona: Flavio Frederico cria um bom panorama de quem são os personagens envolvidos no roubo, principalmente Rubens (Eriberto Leão) e Regina/Leônia (Bianca Bin), personagens que ostentam orgulhosamente o posto de anti-herói na narrativa. A história da personagem de Bin (Canastra Suja), uma das melhores atrizes em atividade de sua geração, é o ponto alto da trama: intensa, violenta, crua, realista e bem atuada.
Só que os bons pontos param por aí. Assalto na Paulista até tem boas intenções, em tentar contar essa história em uma mistura homogênea de ação com drama, mas não encontra o ponto de interesse. Aos poucos, conforme a contextualização passa, o filme perde a força. O assalto passa tão batido que parece de mentira, a tensão aparece e desaparece com uma facilidade que beira o inacreditável... A trama se desmancha no ar. E o longa-metragem perde a importância.
No final, Assalto na Paulista até agrada por sua trama inusitada sobre um assalto na avenida mais conhecida de São Paulo e, principalmente, pelo esforço do elenco -- principalmente de Bin, como já ressaltado. Fica a sensação, no final, de que poderíamos ter uma história muito mais saborosa -- como foi, recentemente, com o sensacional documentário A Verdadeira História do Roubo do Século, da Netflix, sobre algo bem similar que aconteceu na Argentina.
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