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Crítica: 'As Três Mortes de Marisela', da Netflix, é filme tenso e revoltante

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 14 de out. de 2020
  • 2 min de leitura

Está cada vez mais claro como a Netflix acerta em cheio nas suas produções sobre crimes reais, principalmente os documentários. Filmes e séries como O Caso Gabriel Fernandez, Cenas de Um Homicídio e Don't Fuck With Cats chocaram a audiência e trouxeram histórias com reflexão. Agora, chega ao catálogo o revoltante As Três Mortes de Marisela, documentário sobre a jornada de uma mãe no México que faz de tudo para que o assassino de sua filha pague por seus crimes.


Inicialmente, a sensação é de que o filme vai seguir por um caminho óbvio. Relatar o crime e, com uma estética sombria e elegante, mostrar como a família prosseguiu na luta para incriminar o criminoso declarado. Tive a sensação de que seria algo parecido com Cenas de Um Homicídio, sem clímax ou momentos realmente memoráveis. Apenas uma história sendo contada para fazer com que o legado daquelas pessoas assassinadas seja passado pra frente.


No entanto, rapidamente, As Três Mortes de Marisela mostra que é muito mais do que isso. Com uma forte mensagem contra o feminícidio e a violência contra a mulher, o longa-metragem conta com um roteiro que surpreende o espectador com uma sucessão de acontecimentos que deixam qualquer um desacreditado e revoltado. O diretor e roteirista Carlos Perez Osorio (da série gastronômica Na Rota do Taco) não deixa o público ficar confortável ou distraído nunca.

Afinal, o roteiro é uma montanha-russa de emoções, como deve ser. As coisas vêm e vão numa velocidade difícil de compreender, difícil de entender, mas que mantém o espectador preso na história como se fosse um filme de ficção. A corrupção entranhada no governo mexicano serve como o perfeito antagonista dessa trama tão dura e cruel, ajudando também a audiência a compreender melhor os caminhos dessa história absurda e dolorosa. Filme bem realizado.


Pena que Carlos Perez Osorio exagere em alguns momentos nas entrevistas, falhe em colocar alguns dos entrevistados na parede e, principalmente, uma trama um pouco mais enxuta — entre o primeiro e o segundo ato, por exemplo, há uma barriga clara que diminui o ritmo do filme. Não chega realmente a atrapalhar ou coisa do tipo. Mas para um filme com uma história tão intensa, e com tantos grandes momentos, fica estranho. Faltou uma edição mais apurada.


Mas, de resto, podemos dizer que As Três Mortes de Marisela é um dos grandes documentários da Netflix de outubro. Segue um roteiro similar à filmes de ficção, como deve ser. Traz uma reflexão importante sobre violência contra a mulher. E, de alguma maneira, ajuda a fazer com que a luta de Marisela não fique esquecida apenas na região de Chihuahua. Agora, com este filme, sua história vai reverberar. E, sem dúvidas, vai servir de exemplo. Marisela, presente!

 

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