Quando assisti ao trailer de As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, que estreia nesta quinta-feira, 31 de agosto, senti uma empolgação imediata e genuína. O filme, que tem ecos estéticos óbvio de filmes como Homem-Aranha: No Aranhaverso e Gato de Botas 2, traz um visual bem diferente de tudo que vimos das Tartarugas até agora para contar uma história de origem do quarteto. É, talvez, o registro mais respeitoso delas (ainda que diferente da trama original) até o momento.
Assim como um filme de origem de super-herói, nós, espectadores, somos convidados a conhecer a trajetória das Tartarugas desde o início, quando foram contaminadas por um produto radioativo, até o treinamento com Splinter e, enfim, chegando ao mundo real com a ajuda da jornalista April O'Neil – que, aqui, é só uma adolescente. Há uma evidente jornada do herói aqui e o diretor, Jeff Rowe, dá um jeito para tornar essa jornada das personagens mais autêntica.
Sai a explicação bizarra de que elas se transformam no animal que querem só tocando-os, por exemplo, e entra essa história sobre animais radioativos. Bem mais fácil de engajar. No entanto, rapidamente, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante se revela como um filme exageradamente simples. Por mais que essas decisões criativas iniciais sejam louváveis, apontando que existe ali alguma ousadia, ela não se reflete na forma que a história se desenrola e é contada, enfim.
O longa-metragem fala sobre mensagens já batidas (e exageradamente usadas pela Pixar, por exemplo) de preconceito, aceitar o próximo e coisas do tipo. É claro que faz sentido quando se fala de mutantes (os próprios X-Man trazem um contexto similar, ainda que mais politizado), mas havia um mundo de possibilidades para as Tartarugas. Fica a sensação de que As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, de alguma forma, doma sua ousadia e não ultrapassa limites.
Outro ponto de frustração é que a história não acompanha a ousadia da estética. Logo que vemos esses traços mais "sujos", é natural que associemos ao que vimos em Homem-Aranha no Aranhaverso e Gato de Botas 2 -- dois grandes filmes, que extrapolam o que conhecíamos desses dois personagens. Tartarugas, porém, não chega nesse mesmo lugar de ousadia. Parece estar feliz em falar e mostrar o básico, se contentando apenas com o banal e o simples.
Isso tudo, vale dizer, não torna As Tartarugas Ninja: Caos Mutante ruim. Pelo contrário: o filme é divertido, bonito e indica que o futuro da franquia é promissor. Fora que os personagens, retratados de fato como adolescentes (alô, Michael Bay!), são um refresco: Leonardo, Michelangelo, Donatello e Rafael são divertidos de verdade e com personalidades bem delimitadas. Assim, é um filme bom, mas que poderia (e deveria) ser muito melhor do que isso.
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