Que experiência intrigante e perturbadora é Arquivos de um Serial Killer, longa-metragem que chegou no catálogo da Netflix nesta quarta-feira, 18. Dirigido por Michael Harte, que faz sua estreia na direção após ser o editor do fantástico Don't Fuck With Cats, o documentário promove um mergulho na mente do serial killer britânico Dennis Nilsen, que matou 15 pessoas.
E como é feito esse mergulho na mente de Nilsen? Como o próprio título do filme sugere, por meio de arquivos. O serial killer registrou seus pensamentos, atos e reflexões em mais de 250 horas de fitas gravadas. Ao melhor estilo Ted Bundy, assim, vamos compreender melhor as ações do assassino e como ele se tornou o criminoso conhecido em todo o Reino Unido.
Harte, que já tinha feito um bom trabalho ao contar a história bizarra de Don't Fuck With Cats, aqui tem erros e acertos na condução da narrativa. Primeiramente, há de se aplaudir a boa decisão de demorar a mostrar o rosto de Nilsen e, principalmente, evitar a glamourização exagerada da figura do assassino. Algo que Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy falhou.
No entanto, quem espera um roteiro ágil e esperto como na série sobre o assassino de pessoas e de gatos vai se decepcionar. O documentário, mesmo sendo curto, com menos de 90 minutos de duração, derrapa no ritmo. Repete demais algumas histórias, é confuso em outras. Não há a mesma vitalidade vista nessas outras duas produções, ficando num lugar-comum cansativo.
Além disso, pode-se dizer que Nilsen não tinha uma história tão eletrizante -- tampouco era uma figura tão naturalmente carismática quanto Bundy, forçando algumas comparações e percepções. Não é um serial killer que deve mexer com o imaginário das pessoas, ainda que suas atitudes sejam pavorosas, despertando aquela sensação interna de medo e de pavor.
O grande acerto de Arquivos de um Serial Killer acaba sendo a boa construção atmosférica de Harte, que vence a monotonia da narrativa com uma direção certeira -- lembrando, inclusive, o tom das histórias de A Casa que Jack Construiu e O Bar Luva Dourada. Ajuda o público a entender melhor o que está sendo contado e, acima de tudo, a mergulhar de vez nessa história.
Arquivos de um Serial Killer, dessa forma, não é o melhor documentário criminal da Netflix. Nem de perto. O personagem não é o mais interessante possível e, acima de tudo, falta ritmo e vigor na forma de contar essa história. Ainda assim, porém, a estranheza das fitas, a boa quantidade de material e a ambientação da história tornam o longa, ao menos, um mergulho perturbador.
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