Há algum tempo, diretores como Steven Soderbergh e Adam McKay trouxeram ao cinema uma estética muito particular para filmes de roubos, golpes e trapaças. É o caso, por exemplo, de Onze Homens e um Segredo, A Grande Aposta e coisas do tipo. Agora, um filme alemão surge na Netflix com estética modernosa, mas que cai na mesmice, para falar sobre golpes imobiliários.
É Altos Negócios, longa-metragem dirigido e roteirizado por Cüneyt Kaya (do fraquíssimo Ummah). Assim como McKay, o cineasta vem do mundo do humor para falar sobre Viktor (David Kross), um rapaz que surge do nada e começa a ganhar dinheiro aplicando golpes imobiliários. São transações complicadas, que o próprio personagem trata de explicar pra audiência do filme.
No início do longa-metragem alemão, a estética é interessante -- música boa, edição entrecortada -- e chama a atenção. No entanto, rapidamente, a história mostra que não tem nada de muito original. Pegue a fórmula de Soderbergh e McKay, misture e o resultado é isto aqui. Um filme sobre um golpe, com teor engraçadinho, irônico. Até mesmo autoindulgente.
Kaya perde, assim, uma oportunidade de ouro em fazer um tratamento particular para este tipo de história. Assim como o recente Isi & Ossi, da Netflix, não adiciona regionalidades ou particularidades numa comédia romântica, Altos Negócios não faz com que o espectador olhe para o subgênero com outros olhos. Parece que Kaya gostou do que viu na vizinhança e repetiu.
Afinal, qual a graça de ver um filme alemão que simplesmente repete a fórmula de americanos? Qual o sentido de fazer uma nova produção, com distribuição global, que não se diferencie?
Dessa maneira, o filme cai num mar de mesmice. Só a trilha sonora, com músicas excelentes como Bad Guy, acaba se destacando de fato. Até mesmo quando o longa-metragem ameaça ousar mais um pouco, com uma aposta ao estilo O Lobo de Wall Street, o diretor acaba freando a arrancada. A violência quase fica explícita, sexo quase se torna frequente. Quase, quase, quase.
Altos Negócios é, assim, uma produção que fica no quase. Quase se arrisca, quase é original, quase empolga. Por ser alemão, poderia ter trazido uma estética diferenciada. Mostrado particularidades do país. Ousado mais, brincado com novos clichês e significados. Mas não. Só vai empolgar, de fato, aqueles que buscam novos Soderberghs e McKays por aí. Mais nada.
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