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Foto do escritorJoão Pedro Yazaki

Crítica: 'Amor, Sublime Amor' conta com magia de Spielberg em musical vibrante

Atualizado: 11 de jan. de 2022


O renomado Steven Spielberg sempre foi conhecido por ser um ótimo contador de histórias. Em grande parte de suas produções, o diretor se dedica em transportar o espectador para um mundo completamente único, com uma narrativa emocionante e personagens mais do que cativantes. Depois do icônico Jogador Número 1, de 2018, Spielberg decide se desafiar novamente e atingir um outro tipo de público. Desta vez, ele traz um remake do musical dos anos 60, Amor, Sublime Amor, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 9.


Spielberg conta com alguns de seus parceiros de longa data para seguir com o projeto, como o editor, Michael Jahn, e o conceituado cinematógrafo, Janusz Kaminski. O filme segue exatamente a mesma história do original, no qual duas gangues rivais de Nova York, os nova-iorquinos Jets e os porto-riquenhos Sharks, dominam as ruas do Upper West Side de Manhattan. As tensões entre os dois grupos aumentam quando o ex-líder dos Jets, Tony (Ansel Elgort), e a irmã do líder dos Sharks, Maria (Rachel Zegler), se apaixonam e vivem um romance proibido.


Quem assistiu ao Amor, Sublime Amor de 1961 sabe o quanto o filme é bastante peculiar. O musical artístico daquela época talvez não funcione tão bem para os dias atuais. O início, por exemplo, é um número de música instrumental seguido por uma coreografia dos Jets e dos Sharks nas ruas do West Side. A primeira sequência de falas só acontece após os 15 minutos de filme, aproximadamente. Essa linha segue até o final, ou seja, bastante dança, música, diálogos diretos e grandes composições artísticas, remetendo mais a uma peça de teatro do que a um filme.


Logo, Spielberg usa a sua magia para renovar o estilo de Amor, Sublime Amor, mas sem deixar de ser fiel ao original. Aliás, todas as características positivas do primeiro musical estão presentes aqui, como os belos planos de Nova York, os personagens caricatos e as produções musicais estonteantes. As letras são praticamente as mesmas, porém as coreografias, a cinematografia e toda a atmosfera vibrante foram readaptadas ao melhor estilo Spielberg.

Em seu primeiro musical da carreira, o diretor fornece um dinamismo muito envolvente. Spielberg traz leveza e frescor a diversos elementos que podem ser considerados chatos ou exaustivos em filmes do gênero musical. Definitivamente, sua direção pesou bastante para o ritmo da narrativa ser leve e as coreografias, fantásticas. É de se admirar a capacidade do diretor em nos transportar para um outro universo, tornando uma história simples em algo cheio de energia.


No entanto, em meio a tantas coisas boas, o filme também traz seus pontos negativos. Alguns fatores da história original deixados de lado aqui podem pesar um pouco em como interpretamos os personagens. Por exemplo, a rivalidade entre os Jets e os Sharks estipulada desde o início possui algumas nuances importantes no original, mas que faltaram aqui. Embora sejam inimigos, existem momentos de trégua e territórios neutros que não são muito explorados nesta nova versão.


Além disso, a duração se mantém a mesma, aproximadamente duas horas e meia. Apesar do bom ritmo e a imersão nos deixar vidrados na tela o tempo todo, daria fácil para enxugar algumas partes. Não precisava seguir tão à risca a história de 61. Por sinal, o roteiro poderia ter deixado de lado algumas coisas para desenvolver melhor outras. A relação entre Tony e Maria, por exemplo, merecia mais espaço para crescer e se tornar mais cativante.


Inclusive, quem rouba a cena são os coadjuvantes. Os líderes de ambas as gangues, Riff (Mike Faist) e Bernardo (David Alvarez), são personagens mais carismáticos e desenvolvidos, tal como Anita (Ariana DeBose), parceira de Bernardo. O casal de porto-riquenhos possui uma boa química, talvez até mais interessante do que os protagonistas. Outros personagens secundários também brilham, como alguns membros dos Jets na cena icônica da música Gee, Officer Krupke. O que já era ótimo no primeiro filme, ficou ainda melhor neste novo.


Enfim, basicamente Amor, Sublime Amor de 2021 é um copia e cola do original, só que mais espetacular, grandioso e vibrante. Spielberg encarna a sua melhor versão como diretor para nos imergir em uma história cheia de carisma. Ele substitui a fantasia teatral do filme de 61 por sua poderosa magia cinematográfica, lembrando muito seus filmes dos anos 80 e 90. Embora esta nova versão deixe de inovar em alguns aspectos, ainda sim é um filme divertido e emocionante que prende do começo ao fim.

 

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