Geralmente, quando falamos de cowboys nos cinemas, lembramos imediatamente das figuras de John Wayne ou Clint Eastwood, em filmes como Três Homens em Conflito ou O Homem que Matou o Facínora. No entanto, chega nesta quinta-feira, 1, um filme que busca trazer um outro olhar e perspectiva sobre essa figura do faroeste: é o paternal e emocional Alma de Cowboy.
Apesar do péssimo título em português, que lembra uma canção qualquer de Rionegro e Solimões, o longa-metragem é uma boa produção. Dirigido pelo estreante Ricky Staub, Alma de Cowboy conta a história de um rapaz (Caleb McLaughlin, de Stranger Things) que é expulso de casa pela mãe após causar problemas. Do nada, acaba indo morar com o pai (Idris Elba).
Durão, o personagem de Idris Elba integra um inusitado e inesperado grupo de cowboys modernos no estado da Filadélfia, nos Estados Unidos, andando com seu cavalo ali, no asfalto.
A partir daí, se valendo de uma série de clichês e artifícios de filmes que falam sobre essa relação entre pais distantes e seus filhos, Alma de Cowboy vai colocando a história desse jovem rapaz cada vez mais inserida no cotidiano periférico da Filadélfia. Por um lado, ele se envolve com pessoas que, na verdade, deveria ficar longe. E a cultura dos cowboys surge no horizonte.
Ainda que a maioria das situações apresentadas sejam genéricas ou já vistas por aí, Alma de Cowboy acerta em cheio ao trazer a mensagem de como uma cultura local, mesmo que subestimada ou esquecida, pode salvar vidas, destinos, futuros, formações. Mesmo que Staub aposte quase que em uma mensagem evangelizadora, faz sentido. A cultura, enfim, salva.
Pode-se dizer, assim, que o ponto alto do filme é o aprofundamento na cultura desses cowboys que persistem e resistem em alguns cantos dos Estados Unidos. Afinal, por meio da relação com a montaria e seus cavalos, esses homens e mulheres negros ajudam jovens do entorno a se afastar dos crimes e das drogas. São, de alguma forma, o reforço social que o Estado precisa.
Além disso, o elenco está afinadíssimo. Idris Elba (Cats, A Torre Negra) encaixa bem no papel de pai durão, mas preocupado com o filho -- e com seus cavalos, claro. É surpreendente, também, como McLaughlin amadureceu e cresceu, apresentando boa presença em cena. O destaque, porém, fica com os próprios cowboys, muitos deles cowboys do asfalto de verdade. Emocionam.
Alma de Cowboy é um filme simples, que beira o simplório, mas que acaba entregando um resultado satisfatório. É um bom começo de carreira para Ricky Staub que, apesar de ter apresentado apenas uma trama bonitinha e delicada sobre esses cowboys modernos, mostrou que pode ter bons momentos no futuro olhando para culturais locais esquecidas nos cinemas.
Assim, vale a pena ficar de olho em futuros trabalhos de Staub. Tem muito potencial por aí.
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