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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Ainda que desnecessário, ‘Benji’, da Netflix, é bom filme ‘Sessão da Tarde’


É absurda a quantidade de filmes que recorrem à antigas ideias para ganhar mais alguns trocados nos cinemas com reboots, remakes e sequências -- como já apontamos aqui, em 2017, 18% dos filmes lançados não eram originais. E Benji, da Netflix, é mais um filme que entra nessa lista. Remake de um clássico infantil da Sessão da Tarde, o longa-metragem do cachorrinho de rua se vale da mesma história do filme de 1974, mudando apenas atores e uma ou outra situação.

Ou seja: em essência, é um filme completamente desnecessário. Basta pegar o longa de mais de 40 anos atrás para ter um mesmo entendimento de história e sair com uma mensagem final muito parecida. No entanto, não dá pra dizer que o filme original da Netflix não possui qualidades -- tudo isso, claro, dentro de seu gênero e universo, admitindo que é um filme infantil feito para a televisão sem grandes pretensões, e esquecendo um pouco do filme original.

O primeiro acerto é a boa história, que remonta aos melhores filmes de gênero da década de 1990. Uma dupla de crianças é sequestrada, após presenciar um assalto à uma loja de penhores, e tem como principal esperança de resgate o cãozinho Benji. O animal, por sua vez, mora na rua e tinha sido recentemente resgatado pelo garoto. A mãe, porém, não gostou da ideia de ter mais uma boca pra alimentar e acabou mandando o cachorrinho embora.

É um filme, então, sem ideias complexas e que aposta no impossível para atrair um público infantil. Dá acerto, apesar de alguns exageros incomodarem o público mais velho -- como a cena em que Benji abre uma porta usando uma chave ou, então, quando o cachorrinho afasta móveis para entrar por uma janela. Pois é. As crianças, porém, devem se divertir com esses momentos.

Outro bom acerto é o elenco. A dupla de crianças, vividas por Gabriel Bateman (Quando as Luzes se Apagam) e Darby Camp (Big Little Lies), é talentosíssima. Principalmente a menina, que consegue passar o desespero de uma criança que está numa situação vulnerável e que depende apenas de um cachorro pra escapar. Bateman -- que não tem parentesco com Jason -- faz um tipo um pouco mais contido, mas que chama a atenção em algumas cenas mais emocionantes.

Já os atores coadjuvantes não impressionam muito. Principalmente a mãe vivida por Kiele Sanchez (Uma Noite de Crime: Anarquia), que conta com uma personagem extremamente chata e unidimensional. Agora, o que falar do cachorro que faz Benji? É absurdamente bem treinado e faz cenas que impressionam. Palmas também para a direção, que usa poucos efeitos visuais para substituir o cão em cenas mais difíceis de realizar -- como a da porta. O resultado é bem positivo.

No final, Benji é um filme despretensioso, leve e divertido que serve como um passatempo pras crianças e como uma pílula de nostalgia para os adultos. É desnecessário, sim, mas pode ajudar outras crianças a encontrarem essa boa história canina perdida na década de 1970.

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