Fui na exibição de Abigail pronto para tacar pedras. Alguns dias antes, em uma sessão regular de A Primeira Profecia (baita filme, aliás!), fiquei surpreso com a péssima qualidade do trailer do longa-metragem de terror que estreia nesta quinta-feira, 18. É bagunçado, estranho, genérico. E aí, ao deixar esse pré-conceito de lado, fui positivamente impactado pelo filme, que consegue ser divertido, assustador e te deixar preso na história. Talvez a surpresa de 2024?
Dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, a dupla dos novos filmes de Pânico, o filme começa com um grupo de criminosos sequestrando uma garotinha (Alisha Weir) depois do balé. Cada um tem uma especialidade: Joey (Melissa Barrera) faz Abigail dormir, Frank (Dan Stevens) é o cérebro da coisa, Rickles (William Catlett) é o atirador de elite, Sammy (Kathryn Newton) é a hacker, Peter (Kevin Durand) é o brutamontes, e Dean (Angus Cloud) é o piloto de fuga.
No entanto, o sequestro não termina com a retirada de Abigail de casa. Logo depois, o grupo vai para uma mansão afastada, sob ordens do chefe da operação (Giancarlo Esposito), e precisa esperar 24 horas. É aí que as coisas começam a sair do controle: Abigail se revela como uma vampira e o grupo, a partir daí, precisa sobreviver enquanto a criatura brinca com as emoções.
Abigail, em momento algum, tenta ser original ou realmente criativo -- difícil não lembrar do bom Deixa Ela Entrar, que depois ganhou um remake americano. Todo o clima de sobrevivência de um grupo dentro de uma mansão também evoca o divertido Casamento Sangrento.
O fato é que, mesmo sem reinventar a roda, este novo longa-metragem de terror acerta no que é essencial para seu sucesso: é genuinamente divertido. A dinâmica dos personagens em cena funciona bem: nos importamos com Joey, principalmente pela boa atuação de Barrera (da franquia Pânico), enquanto nos divertimos com as piadas bem pontuadas de Durand (que em breve irá protagonizar o novo Planeta dos Macacos) e de Newton (a melhor coisa do filme).
Assim, ao longo dos 110 minutos de duração do filme, você não sente o tempo passar. Engajado com a trama bem simples, sem muita complicação, há espaço para risadas, mas também para aquelas cenas exageradamente violentas que podem fazer os estômagos mais sensíveis embrulharem. É divertida essa mistura de sensações, que deixam o filme ainda mais dinâmico.
Dessa forma, Abigail mostra que, para um filme funcionar, nem sempre é preciso reinventar o gênero ou ser disruptivo de maneira surpreendente -- como tentou ser o fraquíssimo A Viagem de Deméter, falando sobre vampiros. Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett fazem o arroz com feijão bem feito e trazem, surpreendentemente, um dos filmes de terror mais divertidos do ano.
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