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Bárbara Zago

Crítica: 'A Vilã' tem muita ação para pouca história


Nos últimos anos, tenho me forçado a sair da minha zona de conforto cinematográfica. Não parei de ver filmes blockbuster como Vingadores ou filmes clichês indicados ao Oscar, o caso de La La Land. Mas passei a -- tentar -- assistir filmes russos de super heróis e até a me arriscar em filmes estrangeiros extremamente conceituais. Não vem ao caso se uma categoria é ou não melhor que a outra; são diferentes. Cumprindo com o combinado, ainda que fosse um desafio pessoal, fiz questão de assistir ao filme coreano A Vilã, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 23.

Sook-hee (Ok-Bin Kim) foi obrigada a assistir à morte do próprio pai quando ainda criança. Desde então, passou o restante de sua vida sendo treinada para ser uma assassina. Os primeiros minutos de filme já deixam claro que as próximas duas horas serão violentas. O diretor, Byung-gil Jung, posiciona a câmera no que seria equivalente ao olhar de Sook-hee, uma elogiável estratégia para causar impacto no espectador que mal sentou para assistir o filme. São tiros, facadas e muito, mas muito sangue logo no início. Ainda que seja uma cena extremamente pesada, que me fez desviar o olhar em alguns momentos, mostra o teor da história e a habilidade da direção na hora de produzir uma narrativa de ação.

No entanto, confesso que fiquei na dúvida se meu desentendimento sobre a história era pura falta de hábito de minha parte ou, realmente, o filme falhou neste aspecto. Ao sair da sala de cinema, uma mulher três fileiras à minha frente comenta com um colega "Você entendeu alguma coisa?", e pude ficar mais tranquila. Após muitos corpos mortos, é prometido à protagonista que iria ter uma vida normal depois de realizar sua última missão. Mas, como é de se esperar, não funciona exatamente dessa forma. E a partir daí que o filme se perde.

Não existe uma boa distinção entre o que é ação e o que é história. Parece que na ansiedade de expor ótimas cenas de violência, acaba por atropelar todo o resto da trama. Em diversos momentos do filme, é difícil saber de primeira se é um flashback ou se Sook-hee está, de fato, encontrando alguém do seu passado. Mesmo assim, não é tão problemático. O que complica de verdade o filme é uma mistura de passado e presente com pouquíssima explicação. Por tratar-se de uma história que envolve uma espécie de espionagem, várias personagens têm mais de um nome, para aumentar ainda mais a confusão.

A Vilã é violento demais para o meu gosto. E um tanto quanto inverossímil também. E não falo inverossímil pela história, mas por algumas técnicas corporais, principalmente no final. Além disso, uma cena em que envolve Sooke-hee e uma perseguição é angustiante, mas causa mais desconforto por sua impossibilidade. Quem assistir ao filme saberá exatamente do que estou falando. As sequências de ação merecem destaque, mas não conseguem recuperar a qualidade do filme, já que a todo momento sufocam os momentos que contam a história. São tantas mortes que acaba por não provocar o resultado esperado. Eu torcia para ela matar todos de uma vez e acabar o filme.

RUIM

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