Acredito que, desde A Chegada, o cinema não se deparava com um bom filme sobre alienígenas e invasões extraterrestres. Felizmente, o Amazon Prime Video colocou um fim nesse hiato com o longa-metragem original A Vastidão da Noite. Dirigido pelo novato Andrew Patterson, o longa acompanha dois jovens que entram em contato com sons e presenças no vazio de uma noite.
E para contar essa história, que parece uma mistura entre filmes do Spielberg e histórias de Stephen King, Patterson não se valeu de um formato convencional. A história toda, que acompanha principalmente uma telefonista e um radialista, que juntos tentam descobrir o que são sons na região, é passada em "tempo real". Ou seja: o tempo da história é o mesmo do filme.
Com isso, o cineasta se vê na liberdade de explorar planos sequências e trechos intermináveis para preparar a história. Por um lado, é muito bacana acompanhar a dinâmica de uma cena e da cidade antes dos tais acontecimentos. Por outro, pode-se dizer que há um certo exibicionismo por parte de Patterson. Ele extrapola em algumas cenas, que não chegam a lugar algum.
No entanto, o saldo é positivo com relação ao comando das cenas, a estética e a forma de tratar o tema de invasões alienígenas. É diferenciado, pouco usual e provoca bastante o espectador.
Para além disso, encontra-se uma narrativa que trafega em diferentes sentidos. No começo, é bagunçada demais, com situações difíceis de entender. Quando ela se ajeita, porém, o ritmo cai e demora a engrenar novamente -- alguns trechos, por não ter cortes e acompanhar a temporalidade, acabam cansando mais do que deveria. Mesmo com 90 minutos, o filme murcha.
As coisas se recuperam de fato no terço final. É aí que a narrativa ganha cores e vida, com Patterson podendo extravasar criativamente. Além disso, a protagonista do filme (vivida por uma irreconhecível Sierra McCormick) acaba ganhando pontos em cima de um monótono e pouco empático personagem vivido por Jake Horowitz. Ela, sem dúvida, é a alma do filme.
Enfim. No conjunto, A Vastidão da Noite é uma boa peça independente. Tem um diretor estreante inspirado, que promete. Tem uma boa protagonista. E uma história que, apesar de altos e baixos, vai bem quando engrena. É refrescante ver ideias originais sobre assuntos que pareciam batidos ganhando força atualmente, impulsionadas por serviços de streaming que sabem onde investir.
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