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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Sereia: Lago dos Mortos' já é um dos piores filmes do ano


Difícil levar A Sereia: Lago dos Mortos a sério. Este longa-metragem russo, dirigido pelo duvidoso Svyatoslav Podgaevskiy (do péssimo A Noiva), tenta criar uma mitologia ao redor da lendária criatura aquática que dá nome ao filme -- e, ainda por cima, tecer uma trama de terror. Mas, no final, o longa-metragem vira uma piada sem fim: os efeitos visuais são inacreditáveis de tão ruins, os atores parecem estreantes, a dublagem que é feita pela distribuidora brasileira assusta e as cenas de horror só assustam criancinhas.

O longa-metragem, inicialmente, se propõe a contar a história de uma família amaldiçoada por uma sereia que vive no lago maligno do quintal de casa. O primeiro a ser afetado é o pai (Igor Khripunov) para que, em seguida, entre o filho Roma (Efim Petrunin) na linhagem de amaldiçoados. Para ajudar o rapaz, então, entra em ação a noiva Marina (Viktoriya Agalakova), o amigo Ilya (Nikita Elenev) e a irmã Olga (Sesil Plezhe). Todos contra a tal sereia amaldiçoada (Sofia Shidlovskaya) do pequeno lago.

O início do filme até que surpreende. Os jogos de câmera e a edição possuem ritmo e há muitas cenas que brincam com a presença da água -- já tecendo um interessante paralelo com o que virá a ser contado. Parece, de uma hora pra outra, que Podgaevskiy aprendeu a fazer cinema e que, finalmente, o cinema russo vai produzir um blockbuster invejável e que saiba usar sua cultura. Ah, ledo engano. É pior do que se podia prever. Nada, absolutamente nada funciona depois dos primeiros quinze minutos.

A começar pela tal dublagem. A Paris Filmes, distribuidora do longa no Brasil, opta por dublá-lo em inglês e adicionar legendas em português. Ou seja: o público passa por diferentes interpretações até chegar na mensagem final. É muita coisa. Grande parte do filme se perde no meio do caminho e fica ainda menor para o público brasileiro. E é uma estratégia comercial que já se mostrou furada: A Noiva fez 300 mil de bilheteria e o vergonhoso Os Guardiões fez só 55 mil bilhetes no País. Vale a pena essa estratégia?

Mas voltando ao filme de fato, e não sua distribuição, há problemas técnicos amadores. A maioria dos atores não consegue passar sentimentos -- principalmente Petrunin, Elenev e Plezhe. Só a novata Agalakova e o pai, interpretado por Khripunov, conseguem convencer minimamente, apesar de nenhuma grande cena. É um elenco sem ter muito o que fazer, sem ter grandes momentos, sem ter boas oportunidades criadas pelo diretor. São só cenas vazias de entretenimento sem sentido.

O pior, porém, é que Podgaevskiy não consegue criar uma linguagem própria e nem se inspirar no bom cinema russo. O terror aqui é genérico e parece retirado de um filme B de Hollywood. Há clichês envolvendo porões, jump scares que não encaixam, dramas pessoais vazios. Há até uma cena completamente desnecessária envolvendo um corpo a la O Exorcista. Não faz sentido nenhum dentro da história, os efeitos só causam riso e expõem a fragilidade de toda essa produção, que não possui um coração próprio.

Ao final, A Sereia só causa vergonha. Há, novamente, aquela consideração honesta do cinema russo estar se recriando e apostando em "cinemão" e não só em dramas existenciais. Mas adianta isso se não há nada de original ali? Se não há a cultura do País, a marca original do diretor, o bom uso do ambiente russo? Difícil valer a pena o ingresso dessa sessão. Só se você quiser rir e se divertir com um cinema de terror mal feito. Sustos só vão existir se o clima for propício. De resto, vira comédia pastelão.

 

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