Quando pensamos em comédias românticas, já sabemos o começo, meio e fim da história. Não há surpresas na grande maioria das vezes. Felizmente não é isso que acontece com À Segunda Vista, longa-metragem da Netflix e que estreou nesta quarta-feira, 23. Dirigido por Kimmy Gatewood (O Clube das Babás) é, em sua essencial, um filme de romance totalmente às avessas.
Na trama, acompanhamos a história (inspirada em fatos) de Andrea (Iliza Shlesinger), uma atriz e comediante que não decola em nenhuma de suas profissões. Na vida amorosa, as coisas parecem entrar no prumo quando ela conhece Dennis (Ryan Hansen), um investidores que tem uma vida boa. Começam o relacionamento como amigos, mas as coisas evoluem pra paixão.
A partir daí, é toda a instabilidade inesperada nessa história de amor -- que é baseada em um relacionamento real de Shlesinger, que também assina o roteiro. É interessante notar as modificações no tom da relação entre Andrea e Dennis, assim como perceber as mentiras que envolvem todo aquele namoro. Você percebe, aos poucos, como aquele romance é diferente.
Hansen (A Ilha da Fantasia) está inesperadamente bem como esse homem fora dos padrões. No entanto, vale ressaltar: a produção poderia ter escalado um ator que realmente não se encaixe nesses padrões genéricos de beleza, ao invés de maquiar Hansen e usar dublê de corpo. Iliza (de Pieces of a Woman) também vai bem no papel dessa mulher confusa com sua vida e namoro.
Uma pena, porém, que o roteiro não consiga manter a graça da história durante o tempo todo, como é no stand-up da atriz e roteirista, quando ela conta esse caso em sua vida. Falta força, piadas, originalidade. Parece que a história não tinha como terminar e, do nada, resolve seguir por uma subtrama estranha envolvendo um julgamento de tribunal e um quase-sequestro.
Fica a dúvida, assim, quem À Segunda Vista vai agradar. Fãs de comédia romântica não devem encontrar exatamente o que querem aqui, já que tudo sai dos padrões do gênero rapidamente. Além disso, quem busca uma comédia pode se frustrar com a falta de força na trama, a ausência de originalidade e de piadas mais fortes. Talvez seja apenas um passatempo divertido.
Gostei do filme porque traz um alerta para nós sobre relacionamentos abusivos. No filme, a mocinha termina com o mentiroso. Mas na vida real, geralmente a "vítima " se torna dependente emocionalmente do cara.
Muito óbvio o roteiro, muito forçado e sem norte... dependência emocional? Não senti a comédia.