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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Rebelião' é ficção científica que se atrapalha


O planeta foi invadido por seres alienígenas. Apesar de belicosos e de aspecto pouco convencional, eles acabaram controlando o mundo e até setores legislativos dos países -- não é à toa que são chamados de "legisladores". A Rebelião, filme que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 28, mostra os acontecimentos posteriores, quando os aliens já estão estabelecidos na Terra, comandam os mais altos órgãos e sofrem com revoltas.

No centro de uma delas, no coração de Chicago, está Gabriel Drummond (Ashton Sanders). Filho de um policial morto pelos invasores e irmão de Rafe (Jonathan Majors), um dos líderes da principal rebelião de seu País, o rapaz se vê na obrigação de lutar contra o sistema e tentar colocar sua força contra os monstros invasores. Para isso, ele irá contar com a ajuda de pessoas devotadas à causa e ainda precisará lutar contra alguns agentes governamentais empenhados, como William Mulligan (John Goodman).

A ideia de A Rebelião é muito boa. O cinema já falou sobre contato com extraterrestres (A Chegada, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, E.T:. O Extraterrestre), batalhas contra invasores alienígenas (Independence Day, Guerra dos Mundos) e até camuflagem de pessoas de outros planetas na Terra (O Homem que Caiu na Terra). Mas são raros os que falam da entrada de extraterrestres no controle de países. E é um questionamento válido: como governos, cada vez mais falíveis e anti-democráticos, lidariam com aliens?

Não é à toa, então, que o início de A Rebelião é entusiasmante. Os seres alienígenas, mistura de O Pedrador com o metamorfo Alien, assusta e funcionam bem em cena. Mas é difícil entender, e concordar, com o que o diretor Rupert Wyatt (Planeta dos Macacos: A Origem) quis fazer com esse material. Afinal, ao invés de seguir o caminho da ficção científica, o cineasta opta por misturar a invasão alienígena com uma trama de espionagem -- e que ainda tem ares de filme de assalto. É uma confusão narrativa.

Os aliens, dessa maneira, ficam em segundo plano e Wyatt, que atua como roteirista em parceria com Erica Beeney (O Nerd vai á Guerra), tenta desenvolver todos esses outros elementos que se avolumam no mar de ideias do longa-metragem. Que bagunça! Que desespero! Quem buscar um filme de ficção científica bem contado, vai se decepcionar à beça. E quem quiser uma boa espionagem, vai ficar perdido na trama. É mistura de O Homem que Caiu na Terra com Onze Homens e um Segredo. Tem como dar certo?

O elenco também não ajuda a melhorar a qualidade geral do filme. Com exceção do sempre ótimo John Goodman (Rua Cloverfield, 10), ninguém mais se destaca. Ashton Sanders (Moonlight) está péssimo. Uma folha de papel do roteiro, com as falas, passaria mais emoção. Jonathan Majors (Hostis) está bem melhor, ainda que limitado. Deveria ser o protagonista e não relegado ao papel de pequeno coadjuvante. Vera Farmiga (Invocação do Mal) e Kevin Dunn (Transformers) aparecem pouco. Nem dá pra avaliar.

Dessa bagunça toda, pouco se salva. As atuações passam batido, a fotografia é quase inexistente, a trama é rocambolesca e sem tom definido, a direção é perdida e até o CGI, que funciona com o monstro alienígena, perde força em cenas claras -- como em uma sequência péssima de uma nave decolando. A Rebelião é um filme de muito potencial, mas que se perdeu no meio do caminho. Poderia ser muito, mas é muito pouco. Difícil, inclusive, descobrir quem vai gostar desse filme. Pra quem faz sentido algo assim?

 

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