Foi em 2017 que Medo Profundo surpreendeu nos cinemas com a história de duas mergulhadoras que ficam presas em uma gaiola no fundo do mar cercada por tubarões. Apesar da mesmice da fórmula de "filme de sobrevivência", é um longa-metragem funcional, assustador e divertido. Agora, essa fórmula é utilizada em A Queda, estreia dos cinemas desta quinta, 29.
Dirigido por Scott Mann (do tenebroso Refém do Jogo), que também assina o roteiro ao lado de Jonathan Frank, o longa-metragem também fala de duas jovens presas em um lugar difícil de escapar -- só que, ao invés do fundo do mar, o cenário é no alto de uma das maiores antenas do país. Elas escaram até lá, após uma tragédia envolvendo uma delas, e não puderam sair mais.
Ainda que em cenários distintos, o desespero das personagens e refletido na trama é o mesmo. Não só há uma terrível sensação de impotência, como de aflição. Você, como espectador, quer tirar as personagens daquela situação, ajudá-las a escapar disso, mas não vê saídas. A câmera de Mann, que valoriza a altura do espaço, ajuda a levar vertigem e desespero ao público.
As talentosas e belíssimas Grace Caroline Currey (Shazam!) e Virginia Gardner (Projeto Almanaque) ajudam a potencializar todas essas emoções de A Queda. Afinal, com atuações que sabem como mostrar o desespero e a aflição, o espectador consegue acompanhar o que está passando na tela. Em alguns momentos, quando o roteiro deixa a desejar, elas também vão bem.
No entanto, apesar de toda a tensão de A Queda, há um problema natural dessa produção, que nasce da semelhança com Medo Profundo: a fórmula batida. Assim como esse longa-metragem do fundo do mar, Vidas à Deriva e outras produções recentes de sobrevivência, a história é a mesma. Segue o mesmo bê-á-bá, as mesmas consequências, os mesmos tipos de personagens.
Até mesmo a reviravolta é igual. Fica a sensação de que não há mais para onde correr, caminhos a encontrar. A Queda, assim, termina sem surpreender, sem chocar. Toda a emoção se esvai na primeira hora de filme, enquanto o restante segue um caminho previsível, chato e sem surpresas. Uma pena. Mann deveria ter ousado mais, sem seguir o caminho mais confortável.
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