Confesso que o que mais me chamou atenção quando soube de A Possessão de Mary foi a presença de Gary Oldman. O que um ator que ganhou a estatueta por Melhor Ator Principal resolveu fazer em um filme de terror? Se o homem que interpretou Churchill escolheu atuar nesse tipo de projeto, provavelmente existe um motivo. Será que é filmão? Como é a história?
Em meio a uma fase conturbada do casamento, Sarah (Emily Mortimer) e David (Gary Oldman) optam por deixar o passado para trás e seguir em frente com o casamento. Pensando nisso, o marido compra um barco usado após ser atraído por ele, quase como algo sobrenatural. Juntos, o casal poderia passar tempo com as filhas e ir em direção ao recomeço que tanto almejam.
Assim, depois de reformarem o veículo, Oldman traça uma rota que levaria alguns dias. Junto da família, estão a bordo Tommy, namorado da filha mais velha, e Mike, que parece ser um amigo próximo de Sarah, ainda que o filme não deixe isso muito claro. Na parte da frente do barco Mary, cujo nome coincidentemente é o mesmo da filha mais nova, existe uma estátua de uma sereia, que parece hipnotizar os tripulantes fazendo com que tomem atitudes inexplicáveis.
Fica claro que o que foi investido em atores — Oldman está aí para provar — não foi em história. Nada sabemos sobre Mary, entidade que toma as pessoas. Mesmo que em alguns momentos se fale em sereias, o espírito tem a forma convencional de filmes de terror — aparecendo em jumpscares previsíveis. Não existe motivação, contexto, nada. É só um barco mal assombrado.
O que poderia ser uma metáfora sutil sobre o lidar com o casamento, em que é necessário construir, reformar e, por vezes, perceber-se tomado pelo outro, é repetido inúmeras vezes pelos personagens, perdendo um pouco de seu sentido. No final, as coisas ficam descoladas.
E por fim, ainda que muitos filmes atualmente estejam perdendo a noção em questão de duração, ultrapassando demais o tempo necessário para se contar uma história, A Possessão de Mary vai na contramão disso. Com menos de 90 minutos, o longa-metragem não se propõe a contar uma história de fato, mas sim a assustar o público apenas com alguns sustos previsíveis.
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