Quando sentei na poltrona do cinema do Shopping Eldorado, em São Paulo, para assistir ao filme A Mulher Rei, esperava nada menos do que espetáculo. Afinal, o filme vinha sendo celebrado pelo público e parecia ser um grande acerto da Sony Pictures. Além disso, Viola Davis (Esquadrão Suicida) como a líder de um exército de guerreiras é um papel dos sonhos -- para nós e, como ela já disse, para ela também. O filme não é ruim, de fato. Mas poderia ser melhor.
Dirigido por Gina Prince-Bythewood (do regular The Old Guard), o longa-metragem segue a história de Nanisca (Viola Davis), a líder de um grupo de guerreiras de uma tribo no oeste da África. No meio da jornada dessa personagem, no entanto, muitas coisas acontecem: ela passa a supervisionar, ao lado de Izogie (Lashana Lynch) e Amenza (Sheila Atim), o treinamento de novas guerreiras. Além disso, um exército de inimigos as ameaça, fora os europeus escravagistas.
É um cenário caótico, mas que Nanisca precisa manter o controle e a força dessas guerreiras. Esse controle da personagem passa muito pela atuação de Davis: a atriz, como sempre, carrega uma carga emocional potente. Desaba quando está sozinha, estufa o peito quando está perante o inimigo. A atriz, enquanto isso, consegue transitar entre esses estados com graça e destreza. É uma das grandes atrizes de nossa geração. Temos a sorte grande de vê-la em projetos assim.
Não é possível negar, também, a importância e a potência de uma história como essa. Oras, a África é continuamente apagada das memórias, registros e lembranças do cinema de maneira quase sistemática. Ter um filme que não só traz personagens africanos, mas que também é todo filmado na África e sobre a história do continente, com foco nessas guerreiras do Reino de Daomé, é outro privilégio. Fica a torcida para que seja apenas o início de um movimento maior.
Depois disso, porém, A Mulher Rei não encontra muita força em uma história que só não é banal por conta desses elementos que falamos anteriormente. Afinal, a história da briga de duas tribos é algo que já vimos nos cinemas aos montes, das mais diversas maneiras e leituras. Não é nada novo. Além disso, o roteiro de Dana Stevens (Paternidade) se atrapalha em exageros e sobras desnecessárias, como a história dos portugueses, e perde o seu fato "uau".
Ao longo de mais de duas horas, por mais que o elenco esteja afinadíssimo e a ideia seja muito empolgante, A Mulher Rei não consegue manter a empolgação. Reviravoltas óbvias, sacadas genéricas, personagens planos. É um filme com seus louros e, por isso, conquista três estrelas. Mas não dá para ser além disso. Fica a torcida, porém, para que a Sony -- o estúdio mais criativo e ousado de 2022 -- aposte em sequências. É uma história, afinal, que pode melhorar muito.
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