Cristiano Burlan é um cineasta que sabe falar sobre a ausência. Com seus filmes, sejam eles documentário ou ficção, o tema sempre circunda e aparece de alguma forma nas histórias que está contando. E não poderia ser diferente com A Mãe, longa-metragem potente que foi exibido na 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e chega nesta quinta-feira, 10, aos cinemas.
Aqui, Burlan conta a história de Maria (Marcélia Cartaxo), uma mulher nordestina e batalhadora que vive sendo camelô em São Paulo. Sua vida se transforma, porém, quando o filho desaparece depois de sair com um amigo do bairro, na periferia da cidade. A partir daí, ela começa uma busca incessante não só para encontrar o garoto, mas para descobrir o que aconteceu com ele.
Cartaxo, como sempre, é a alma de A Mãe: sua atuação passa por uma dor profunda, repleta de momentos sensíveis e emocionais. Vê-la em tela é ver uma atriz poderosa, que domina sua arte como poucas. Não só poderia, como deveria ser mais celebrada por conta de sua função. E A Mãe é exemplo claro disso: a atriz carrega o filme praticamente solitária em suas cenas.
Além disso, tem Burlan na direção. Ele, que já foi largamente elogiado aqui no Esquina com o documentário Elegia de um Crime, domina brilhantemente os temas tratados aqui: solidão, a ausência forçada, terrorismo de Estado, violência. Tudo isso surge de maneira natural, com um realismo doloroso, e que consegue se conectar com a realidade do Brasil afora, cá e acolá.
E o final de A Mãe... Um dos mais potentes do ano. Ao lado de Carvão e Paloma, que estrearam recentemente no Brasil, este longa-metragem de Burlan apenas comprova como o cinema nacional continua em ebulição. E agora, com o novo horizonte que surge no País, amplia-se a empolgação com o que será feito e produzido aqui. O cinema do Brasil é lindo. E não pode parar.
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