O filme A Garota da Foto começa com o que parece ser um acidente: a jovem Sharon foi atropelada e está gravemente ferida no hospital. Como contato, apenas o marido, um homem mais velho. No entanto, ela não aguenta e morre. Neste momento, começa uma tensão ao redor do futuro do filho da mulher. Com quem ele fica? É nesse momento, em que tudo parece tão banal, que a diretora Skye Borgman (Sequestrada à Luz do Dia) mostra o pior do ser humano.
Aos poucos, com entrevistas bem editadas e um roteiro redondo, o longa-metragem vai expondo as entranhas do caso, que nunca é óbvio ou segue por um caminho banal. Pelo contrário: tudo em A Garota da Foto conduz para um resultado cada vez mais doloroso e trágico. É um sentimento similar ao que se sente com o interessante Sequestrada à Luz do Dia, com uma das histórias mais inacreditáveis já contadas em um documentário sobre crimes reais na Netflix.
A Garota da Foto acerta ao tratar o tema com respeito, sem qualquer exploração sensacionalista do caso, e sem entregar tudo de uma vez só. A história é bem sequenciada e o documentário consegue todas as entrevistas necessárias. Também não cai na besteira, que seria uma besteira realmente fácil de entrar, em tentar dar voz à Franklin Delano Floyd. Ainda vivo, ele poderia ter participado do documentário para dar sua versão -- algo que atrairia muitos cineastas por aí.
O único problema é que A Garota da Foto, como quase todo documentário criminal da Netflix, não traz nada de novo em termos narrativos ou visuais. Ele fica em um mesmo tom, até mesmo um pouco monótono apesar da boa edição e roteiro, de outras produções que já vimos por aí. Já está mostrando desgaste. Afinal, como até mesmo vemos na "fórmula Marvel", tudo tem um limite. E apesar do sucesso do chamado true crime, também já está chegando ao esgotamento.
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