Que filme mais cansativo e sonolento é esse A Espera de Liz, longa-metragem nacional que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 17. Dirigido pelo estreante em longas Bruno Torres, que também roteiriza a produção ao lado de Simone Iliescu, o longa-metragem conta a história de Liz, mulher solitária, se sentindo abandonada, depois que o marido some e não dá respostas.
Seu cotidiano, assim, acaba se voltando para a família. Liz vai pra casa. Lá, os pais (Ingra Lyberato e Zécarlos Machado) parecem viver o casamento perfeito, com muita paixão e comemorando bodas. Enquanto isso, a irmã (Rosanne Mulholland) passa por um momento delicado, já que a situação de Liz acaba se misturando com sua própria vida e sentimentos.
Torres, enquanto isso, trabalha quase que totalmente com silêncios. Toda a relação de Liz com a irmã Lara é baseada em engasgos. Naquilo que precisa ser dito, mas que nunca é realmente falado. Há dor ali e há beleza, sobretudo, nas atuações de Simone Iliescu (Leste Oeste) e Mulholland (Nosso Lar), que sabem como trabalhar nesse vácuo – algo dificílimo no cinema.
Nessa primeira parte do filme, a fotografia também salta aos olhos, com tons acinzentados que mostram um pouco dos sentimentos e emoções que se abatem nas duas personagens. A edição, ainda que atrapalhada aqui e ali, também tem certa beleza: uma cena das duas irmãs se trocando mostra como as duas estão se desnudando de emoções para, enfim, se encararem.
No entanto, o grande erro de A Espera de Liz está no momento que Torres decide parar a trama de Liz e Lara para falar sobre o tal marido desaparecido. O filme perde em ritmo, força, potência. Não é necessário, de forma alguma, saber a reação do homem nessa história. Quem sofre é Liz, quem chama a atenção é Liz. Quando uma reviravolta é revelada, queremos ver a personagem.
Mas Torres, erroneamente, coloca a câmera em Miguel (interpretado pelo próprio Torres). Cadê Liz e Lara? O longa-metragem perde demais. São muitas as cenas vazias, sem qualquer impacto real, e que fazem o filme terminar num passo errado, em um tom abaixo. Quando Liz e Lara iam vocalizar, o filme muda. E, com isso, some a empolgação. Uma pena. Tinha muito potencial.