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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Despedida' é remake com força de filme original


Remake do longa-metragem dinamarquês Coração Mudo, o filme A Despedida é uma das boas surpresas de 2021. Dirigido por Roger Michell, de Um Lugar Chamado Notting Hill, a produção acompanha a história de uma família se reunindo na casa da matriarca (Susan Sarandon). E o motivo? Ela está com uma doença degenerativa e decidiu que fará eutanásia ao redor da família.


A partir daí, mantendo o tom frio de produções dinamarquesas, A Despedida mergulha nas dores dessa família. Assim como Álbum de Família, por exemplo, vemos as feridas abrindo nessa relação familiar, problemas antigos surgindo, dores de cabeça nascendo. Afinal, a partir da eminência da morte da matriarca, a família se vê na obrigação de acertar tudo que precisa.


Surge, por exemplo, rusgas da filha mais velha (Kate Winslet) com a mais nova (Mia Wasikowska). O pai (Sam Neill) acaba revelando segredos -- mesmo sem querer, a partir de uma chocante descoberta da filha. A mãe, enquanto isso, tenta atar e reatar nós, buscando compreensões e deixar tudo o mais ajeitado possível após sua partida dali alguns dias.

A grande força propulsora de A Despedida, assim, acaba se concentrando no elenco. Winslet (Titanic), Sarandon (Thelma & Louise) e Neill (Jurassic Park) entregam atuações sob medida e que transitam entre as emoções necessárias para mergulhar na história: tristeza, surpresa, amor, revolta. Rainn Wilson (o Dwight, de The Office) também é uma boa surpresa por aqui.


Dessa forma, mergulhamos no cotidiano tão atípico dessa família, entendendo todas suas dores em um momento em que emoções ficam à flor da pele -- numa sacada narrativa muito inteligente. Obviamente, A Despedida perde forças por ser um remake e ficar preso em algumas convenções do filme original. Faltou mais explosão e sobrou frieza da versão dinamarquesa.


Assim, A Despedida é um dos bons dramas de 2021. É excepcional? Não, longe disso. Tem seus problemas, seus chavões -- principalmente por conta desse processo complicado que é um remake, sempre cheio de buracos e falhas. Mas tudo bem. As atuações fazem com que o longa-metragem fique elevado em outro nível, ganhe camadas e tenha um saldo final positivo.

 
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