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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Caverna', na Netflix, é interessante armadilha do tempo


Que estranha, interessante e controversa é a experiência de assistir ao filme A Caverna, sucesso repentino na Netflix. Filme de 2017 que não tinha sido falado até então, o longa-metragem conta a história de um grupo de quatro amigos que ficam presos em uma caverna. Mas nada parecido com Os 33. Neste filme, de Ben Foster e Mark Dennis, a caverna é uma cápsula do tempo.


Isso mesmo. Logo depois de entrar no local, o tal grupo acaba ficando preso. A corda arrebenta do nada e qualquer contato com o exterior é cessado. Aos poucos, assim, eles começam a perceber que o tempo passa de maneira diferente no loca. Fora da caverna, que guarda um segredo poderoso da humanidade, horas passam num piscar de olhos. Anos, numa respiração.


A partir daí, a dupla de diretores brinca com as possibilidades dessa cápsula temporal. A falta de ação dos protagonistas, a demora em perceber a verdade. Além disso, o que há na caverna? O que os espera nesse ambiente mágico, estranho, perturbador? Mais: será que, depois de tanto tempo presos aqui, vale a pena sair na Terra para ver o que está acontecendo lá fora?


Essa mistura de terror, suspense e ficção científica acaba acertando em cheio nas emoções do espectador. Ainda que o orçamento seja absolutamente limitado, os protagonistas sejam ruins e a história tenha alguns aspectos toscos (os homens das cavernas são de causar riso, sinceramente), a ideia é boa demais para ser deixada de lado por conta desses pontos fracos.


Afinal, a todo momento, o roteiro de Mark Dennis traz algumas provocações interessantes. O desespero em ver aquelas jovens demorando horas dentro do local, sem perceber exatamente o que está acontecendo do lado de fora, também é divertida -- ainda bem que a narrativa não foi pelo caminho de surpreender público com a cápsula temporal. O espectador se imagina naquilo.


Pena, porém, que o final seja tão pouco corajoso. Vai por um caminho novamente tosco, desesperado, desnecessário. Teria sido muito mais interessante aproveitar um tom melancólico e de desesperança para com a humanidade. Da forma que foi posto, tudo se resolveu muito rápido. Faltou coragem e intensidade. Nas mãos de cineastas mais experientes, quem sabe...

 
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