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Bárbara Zago

Crítica: 'A Casa do Medo' surpreende, mas não se aprofunda


A narrativa básica, com começo, meio e fim, em ordem cronológica, não parece ser um grande atrativo para Pascal Laugiers, diretor especializado em horror, responsável por Mártires. Seu mais novo filme, A Casa do Medo: Incidente em Ghostland, apesar do título brega e excessivamente longo, choca o espectador desde os primeiros minutos, quando começa a sua história a partir de um evento marcante e muito traumático.

Na primeira noite em que Pauline (Mylène Farmer) e suas duas filhas Beth (Crystal Reed) e Vera (Anastasia Phillips) passam em sua nova casa, herança de uma tia, são surpreendidas por uma invasão violenta, em que são obrigadas a lutarem por suas vidas. Num modelo mais tradicional de longas de terror, seria raro começar logo com tal evento. No entanto, aqui funciona e é a melhor cena de todo o filme. Não apenas aterroriza o espectador, como mostra o que o espera durante os próximos 90 minutos.

Para dar um alívio ao público, Laugiers logo corta para uma outra realidade, 16 anos mais tarde, em que Beth é uma escritora de sucesso e está prestes a dar uma entrevista sobre seu novo livro, que não é nada menos do que uma história inspirada em seu passado. Após uma ligação, Beth retorna à casa em que os incidentes aconteceram, um lugar cuja decoração é bastante excêntrica e macabra: cheia de bonecas.

Algumas vezes, o diretor parece se utilizar de elementos que não contribuem para a história, sendo úteis somente para dar jumpscares na platéia. Os inúmeros gritos, que chegam a ser irritantes, são grande prova disso. De certa forma, atinge seu objetivo, já que o filme não falha ao dar sustos. Porém, muitos aspectos são colocados a vista para não serem minimamente aprofundados depois. O principal exemplo disso se dá no casal de serial killers que invade a casa. Assim como Hush: A Morte Ouve, filme produzida pela Netflix em 2016, o filme parece se esquecer completamente de caracterizar os assassinos, tornando-o, por sua vez, mais uma história de tensão do que qualquer outra coisa.

A Casa do Medo: Incidente em Ghostland tem uma característica que o distingue de muitos filmes de terror comuns: traz um plot twist que é responsável por confundir, e muito, a cabeça do espectador. O grande problema é que a reviravolta é apresentada no meio da história, e não no final. Quando Pascal Laugiers nos apresenta um outro ponto de vista, ele permite que o restante do filme prove determinado ponto, enfraquecendo-o consideravelmente.

Laugiers consegue se afastar um pouco dos filmes do gênero ao trazer uma história diferente, porém ainda peca em determinados aspectos. Mesmo assim, ele permite que o espectador possa refletir sobre o mundo concreto e o imaginário, dando margem de interpretação durante todo o tempo. Como a grande maioria, esquece de se aprofundar, principalmente em aspectos psicológicos, mas compensa em sustos e plot twists.

 

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