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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Batalha do Biscoito Pop-Tart', da Netflix, é nostalgia mofada



Comecei a sessão de A Batalha do Biscoito Pop-Tart, estreia da Netflix nesta sexta-feira, 3, com uma certa empolgação. Afinal, ainda que o diretor, roteirista e protagonista Jerry Seinfeld (Seinfeld, Bee Movie) esteja um tanto enferrujado, se analisarmos os seus últimos trabalhos, é difícil não botar fé na mente por trás de uma das séries mais icônicas de todos os tempos.


No entanto, o longa-metragem não poderia ser mais equivocado. Em tese, conta a história da criação dos biscoitos pop-tart, uma sensação até os dias de hoje e que surgiu em um momento em que a Kellogg's e a Post, duas marcas de cereais, brigavam pelo protagonismo do café.


Parece uma ideia divertida e que evoca o clima desses filmes focados em contar histórias de bastidores, como Air, The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias e afins. Algo que transita entre uma estratégia de marketing e um filme que conta bastidores sem medo. No entanto, Seinfeld vai por outro caminho: pega essa história e transforma em uma espécie de sátira.


Tudo aqui é exagerado, surreal, inacreditável. Acompanhamos principalmente a rotina de Bob Cabana (Seinfeld), esse executivo da Kellogg's que precisa dar um jeito de criar um produto que desbanque a concorrente do outro lado da rua. Poderia haver algo de divertido aqui, principalmente pelo lado da sátira, mas simplesmente nada encontra espaço além do tosco.



A Batalha do Biscoito Pop-Tart afunda, sistematicamente, em uma nostalgia velha, mofada, sem vida. Todo o humor que serve como base da narrativa é cansado, ultrapassado. Há uma coisa ou outra que realmente faz rir, como as cenas envolvendo Hugh Grant (que tem passado por uma transformação potente de carreira), mas a maior parte da narrativa parece feita há três décadas.


E isso vai desde piadas machistas envolvendo a vida privada de Kennedy até chegar em uma revolta de mascotes de cereais que se assemelha com a invasão ao Capitólio. É algo que poderia funcionar em 1990, mas que agora soa como ultrapassado, genérico, sem vida e sem graça. Parece que Seinfeld ficou preso em um humor do passado e não soube se reencontrar.


Talvez a única piada que seja efetiva, aqui, é a concepção geral do projeto do filme em si. Ele parece não ter clareza de quão insignificante é essa história -- ao contrário de The Beanie Bubble: O Fenômeno das Pelúcias, que encontra outros pontos de apoio na história para além da criação de pelúcias. Aqui, a criação do doce é o início, o fim e o meio, sem qualquer medo.


E aí, com isso, nos deparamos com um filme recheado de estrelas (Grant, Christian Slater, Amy Schumer) e que se compara frequentemente com a ida à Lua, sem nunca encontrar a piada correta. No final, A Batalha do Biscoito Pop-Tart se torna apenas um exercício nostálgico para o próprio Seinfeld reviver elementos que fizeram parte de sua infância. E quem se importa?

 

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