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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: '7500', da Amazon Prime Video, é filme intenso e desesperador


Filmes sobre tragédias ou acontecimentos intensos em avião são uma frequente. Paul Greengrass (de Capitão Philips) surpreendeu com o emocionante Voo United 93, que mostra os bastidores do único avião que não atingiu seu objetivo no atentado do 11 de setembro. Já Sem Escalas brincou com alguns absurdos ao colocar Liam Neeson e sua busca implacável no ar.


Agora, o cineasta Patrick Vollrath dirige e roteiriza o filme 7500, que ficcionaliza a história real de um voo entre Alemanha e França que sofreu uma tentativa de ataque. Como? Terroristas, escondidos entre os passageiros, tentaram tomar controle do avião. No entanto, Tobias Ellis (Joseph Gordon-Levitt) faz de tudo para evitar uma catástrofe para além do avião.


Ao contrário dos outros filmes mencionados, 7500 não conta a "história completa". Aqui, Vollrath coloca o espectador apenas dentro da cabine do avião, mostrando a reação e o desespero dos pilotos frente ao que acontece no restante da aeronave. Com isso, em apenas 90 minutos, o filme consegue transmitir uma sensação de claustrofobia e desespero como poucos títulos.


Afinal, assim como os pilotos, você se sente preso e abafado dentro daquele local. Além dos constantes tapas na porta, o homem desacordado, as ameaças. Tudo isso contribui para um forte incremento da situação que é construída naquele roteiro, extremamente afinado entre um drama muito particular, um suspense e um thriller. É um filme de camadas bem feitas.


A grande alma de 7500, porém, é Gordon-Levitt (de Snowden). Ele consegue passar todo o peso que aquele piloto carrega ao ser o responsável por manter os quase 100 passageiros e tripulação seguros. É uma atuação difícil, cheia de meandros, mas que o ator consegue segurar com louvor. Se não fosse ele, o filme poderia ter falhado ao tentar criar esse arriscado clima.


Vale ressaltar, porém, que algumas coisas aqui são muito simplificadas e, apesar do diretor tentar desconstruir isso no ato final, não adianta mais. O muçulmano maluco e extremista, a religião usada como arma. Teria sido interessante dar um pouco mais de textura nessa história para impedir, assim, que alguns preconceitos continuassem a ser perpetuados por aí.


Enfim. 7500 é um filme bom para saber de um acontecimento contemporâneo interessante e, sobretudo, mergulhar na espiral de desespero e angústia que foi o episódio. A direção é inteligente, o elenco está bem. Não vai ser um marco, nem ser memorável -- afinal, não se reinventa, nem ousa no gênero. Mas deve ser um bom entretenimento de fim de noite.

 
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