É muito difícil encontrar o filme ou série perfeito no mundo do streaming. Afinal, a oferta de conteúdo está cada vez mais vasta e dispersa -- só o catálogo brasileiro da Netflix já conta com mais de 3,4 mil filmes. Por isso, é cada vez mais inevitável a existência de serviços de curadoria, que ajudam as pessoas a escolherem o melhor filme ou a melhor série para ver nessas plataformas.
Uma das novidades que surgem no mercado é o Mappa. Criação de três brasileiras, o site é um “educador” de usuários. A pessoa responde uma série de perguntas -- que vão desde a preferência da quantidade de braços até se gosta de cozinhar -- para ajustar um inteligente algoritmo. Depois disso, a própria plataforma começa a selecionar filmes que façam sentido para você assistir.
Para que tudo funcione perfeitamente, o Mappa ainda conta com um time de curadores que “caçam” vídeos, palestras, séries e filmes dentro da infinidade de serviços que surgem -- e que vão desde iTunes, passando por Vimeo e até, claro, Netflix. “Nós fazemos uma busca em coisas que podem interessar ao usuário e que agreguem em algo em sua experiência”, disse Débora Emm, cofundadora, em entrevista que fiz com ela para o jornal O Estado de S. Paulo.
Em pouco mais de duas semanas que estou testando o serviço, minha impressão é a mais positiva possível. Sinceramente, não estava buscando nenhuma inspiração ou iluminação quando entrei em contato com o site. No entanto, as dicas de conteúdo -- disponibilizadas a cada 16 horas -- estão me dando um verdadeiro frescor em minha vida e na forma que estou consumindo conteúdo.
Logo no primeiro dia de experiência, por exemplo, o serviço sugeriu a série Chef’s Table, da Netflix. Já tinha passado batido por ela algumas vezes, mas nunca tinha parado para testar e ver se gostava. E, confesso, me apaixonei. Desde esse dia, estou vendo um pouquinho da produção por dia, experimentando e refletindo sobre cada ensinamento que ela pode me dar. Esse, aliás, é outro ponto interessante que o Mappa constrói: ele não incentiva as tais “maratonas”.
“A gente está na contramão do mercado”, disse Emm, novamente, durante minha entrevista com ela para o jornal. “Além de sugerir conteúdos fora da nossa zona de conforto, também não incentivamos o binge watch, as ‘maratonas’. Queremos que as pessoas pensem no que estão assistindo”.
Isso, de fato, está fazendo uma grande diferença para mim. Afinal, por trabalhar com cinema há anos e opinar sobre conteúdos audiovisuais no jornal, tenho o hábito de assistir tudo de modo muito técnico. Avalio a fotografia e o plano da câmera, mas não é sempre que penso no peso que uma fala ou de um gesto pode ter em minha vida. Agora, isso mudou um pouco.
Eu também estou entrando em contato com alguns conteúdos que nunca teria visto em outras situações -- um belíssimo curta-metragem, chamado The Runner, entrou no meu radar por lá e me apaixonei. O Mappa é, sem dúvidas, um periscópio em meio ao oceano de informações que se avizinha.
Só tenho uma única crítica: a dificuldade em encontrar um ou outro material. Afinal, às vezes surgem recomendações de filmes que não estão no streaming e, para usar, é preciso pagar a taxa de aluguel do Google Play ou iTunes, que chega a R$ 25,00. Aí, não dá. Mas, ainda assim, não fico tão chateado pois entendo como deve ser difícil encontrar este tipo de conteúdo.
No fim, então, o Mappa é uma das surpresas mais interessantes deste ano. A ideia é muito original e, de fato, necessária. Afinal, estamos caminhando para um mundo onde tudo está digitalizado. Precisaremos, sem dúvidas, de alguma curadoria humana que nos mostre o caminho. E o Mappa, surpreendentemente, já está fazendo isso muito. Vale desembolsar os R$ 10 de mensalidade do serviço.
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