Desde 12 de abril, entrar na sala de exposições da Casa Triângulo, em São Paulo, é imergir num mundo de hibridismos, experimentações e metamorfoses. Afinal, é ali que estão expostas as quinze obras inéditas do artista plástico Rodolpho Parigi, que não se furta em criar sensações com quadros que transitam entre o sci-fi e a transformação pictórica do natural.
Suas obras, que chegam à dimensões de 2,90 m x 5 m ou 2 m x 5,56 m, são frutos de um trabalho de experimentação de diversas áreas do conhecimento, indo da botânica, passando pelo biologia humana e indo até formas pouco reconhecidas e que causam certa estranheza em quem os observa pela primeira vez. Não há medo de criar camadas, de misturar, de chocar.
"O processo é muito demorado", contextualiza o paulistano Parigi à reportagem do Esquina. "Para iniciar as pinturas e os desenhos, eu fico pensando em formas, cor, figuras centrais e algumas narrativas possíveis de ficções dos próprios elementos a serem criados." Segundo o artista plástico, as obras começaram a ser criadas ainda em 2017, mas foram finalizadas apenas neste ano.
A obra The Sound of Love, com 5,5 metros de largura e que usa a técnica de óleo sobre tela, é uma das mais complexas e que mais permitem diálogos com o público. Numa primeira olhada, é uma tela que apresenta elementos inspirados no graffiti e na sobreposição de formas e técnicas. Mas é mais que isso, tendo inspirações em elementos disformes e que remetem à biologia.
"Posso ser influenciado por qualquer coisa, mas não é qualquer coisa que me influencia", diz Parigi. "Geralmente a botânica, o corpo, as tranças, o próprio fazer do gesto da pintura ou a cor são bons parceiros de inspiração. Mas tudo fica sempre no 'lugar' da metamorfose ou do movimento ou da transformação. Às vezes, um desses elementos aparece e aí vou iniciando o trabalho."
Um outro conjunto de obras que chama a atenção são as aquarelas Sorbet de Chignon, Kusama e Gal, que se valem da textura dos músculos humanos para criar formas disformes ou que remetem à Micologia -- em Gal, por exemplo, os músculos acabam despontando em formas que lembram cogumelos. A interessante técnica de óleo sobre linho também gera uma obra interessante, a provocativa Y.M.V.
"Acredito que meu trabalho é um portal para alguns assuntos", afirma o artista. "Quando toco ou menciono plasticamente um assunto é porque sou esse assunto, e acho que isso possibilita transformar aqueles que estão abertos ou, ainda, colocar uma semente nos mais radicais."
A exposição Sem Titulo fica aberta até 12 de maio na Casa Triângulo. O endereço é Rua Estados Unidos, 1324, Jardins. Funciona de segunda a sábado das 10 às 19 horas.
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