A rede de cinemas Cinemark anunciou na quinta-feira, 26, em parceria com a distribuidora de filmes Elo Company, uma nova faixa na programação: o Projeta às 7. Voltado para cinema de documentário e ficcional, o novo projeto das duas empresas quer levar produção nacional independente para a grande cadeia de distribuição da rede, ampliando o alcance de filmes produzidos fora do eixo Rio-São Paulo e que, em condições normais, teriam poucas semanas de exibição .
De acordo com as idealizadoras da nova faixa de programação, o Projeta às 7 irá exibir 20 filmes ao ano, com direito a duas semanas em cartaz, em 21 cinemas da rede Cinemark -- dois em São Paulo e outros 19 em diferentes capitais do Brasil. A ideia, segundo a Elo Company, que faz a curadoria dos filmes a serem exibidos, é alternar dentre gêneros e aspectos básicos de produção, intercalando entre cidades de origem e entre documentários e ficções.
"Quando a gente fala de cinema brasileiro, o grande calcanhar de Aquiles é a distribuição", afirma Sabrina Nudeliman Wagon, sócia-diretora da Elo Company, em entrevista coletiva concedida na manhã de quinta-feira. "Vinte títulos nacionais serão lançados comercialmente por ano, num aumento de cerca de 13% dos lançamentos de filmes nacionais de todo mercado. O público de shoppings terá acesso a filmes que não seriam exibidos no circuito historicamente."
Todos os filmes, como o próprio nome diz, serão exibidos às 19h, entre segunda e sexta-feira, com ingressos custando a R$ 12. "Vamos amplificar o portfólio de filmes nacionais para fomentar o interesse do espectador por obras que nem sempre têm a chance de chegar aos cinemas", disse Bettina Boklis, diretora de marketing da rede Cinemark. "Nós queremos atender à crescente demanda do público por diversidade de gêneros e de narrativas”.
Na semana de estreia do projeto, o filme a ser exibido será Querida Mamãe, com Letícia Sabatella, Selma Egrei e Marat Descartes. Depois, a aposta será um documentário sobre crianças com autismo, o elogiado Em Um Mundo Interior. Depois, para encerrar o mês de inauguração, o filme de ficção Amores de Chumbo, passado em plena Ditadura Militar brasileira. Os outros 17 filmes a integrar o projeto ainda não foram definidos ou divulgados pela Elo Company.
Tudo igual. Ainda que o Projeta às 7 mude alguns paradigmas da exibição do cinema nacional, Cinemark e Elo continuaram com algumas atividades que, em tese, poderiam sofrer alterações. A rede de cinemas, por exemplo, afirmou que continuará com o Projeta Brasil, que dedica um dia da rede para exibições nacionais, ainda que o número de espectadores tenham caída -- segundo a empresa, era 143 milhões em 2013 e, em 2017, foi de 63 milhões.
E a Elo Company, por sua vez, não vai considerar a chegada do filme no Projeta às 7 como a estreia definitiva da produção. "Nós consideramos esse período como uma pré-estreia estendida", disse Sabrina Nudeliman Wagon ao ser questionada pela imprensa na apresentação do projeto. "Ao final da exibição no Projeta às 7, aí vamos levar para o restante do circuito exibidor e considerá-lo como estreia."
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