No painel comemorativo dos anos 80 anos de Batman, na CCXP 2019, quem chamou a atenção não foi a banda de abertura ou o grupo extremamente talentoso de artistas que compôs a mesa. Na verdade, o quadrinista Neal Adams acabou roubando os holofotes para si com sacadas rápidas, boas respostas e tiradas ácidas -- inclusive na direção do jornalista Marcelo Hessel, do Omelete, que levou várias pancadas durante o painel.
Mas o fato é que Adams é um gênio. Um gênio complicado, aparentemente. Mas um gênio. Entende de Batman como poucos, sabe sobre os desafios da profissão, se posiciona politicamente. Não é à toa que pediu desculpas, no meio do painel, por fazer parte de uma população que votou em Donald Trump -- gerante aplausos ensurdecedores do público ali. É um homem talentoso e que sabe ser protagonista.
Ao ser questionado sobre o passado de Batman, por exemplo, Neal Adams não deu uma resposta qualquer. Ele mostrou como o personagem foi moldado ao longo dos anos.
"Os quadrinistas, antigamente, não sabiam desenhar bem, não sabiam escrever bem. Mas tinham instinto. Era uma molecada fazendo um monte de coisa", contextualizou Neal Adams, que atua na área desde os anos 1950. "Dessa forma, não podemos dizer que o Batman tem uma só visão. Que aquela está certa ou errada. Você é o Batman, eu sou o Batman. Todos nós somos o Batman. É uma personagem repleto de camadas".
E será que Neal Adams gostou de Coringa, novo filme do vilão com Joaquin Phoenix?
"Eu gostei muito. É um filme que mostra o lado insano do personagem, que é algo importante. Afinal, eu não quero saber o motivo dele ter a pele branca ou o que há por trás do cabelo verdade. Quero saber o motivo da insanidade dele. E este filme consegue fazer isso", afirma o ilustrador americano. "Não vejo a hora, agora, que coloquem aquele Coringa contra o Batman. Façam isso acontecer! Vai ser um embate glorioso no cinema".
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