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Foto do escritorMatheus Mans

Biblioteca Mário de Andrade é tema de exposição em São Paulo


Um dos principais ambientes culturais de São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade ganhou uma exposição para chamar de sua. Celebrando seu histórico edifício, fundado em 1925, e o que ele representa para a cidade e para o público frequentador, a mostra A Biblioteca que eu vi reúne trabalhos do grupo Pigmento, formado há sete anos por artistas visuais que priorizam a linguagem da pintura, pensando de forma ampla as possibilidades do local. Afinal, como usamos as bibliotecas hoje? Como a percebemos?

"Há poucos espaços adequados para exposições na cidade de São Paulo. As salas expositivas da Biblioteca Mário de Andrade fazem parte desse pequeno grupo, além do próprio prédio ser um ícone arquitetônico", explica Marcelo Salles, curador da mostra, ao Esquina. "A ideia surge exatamente daí: uma exposição que pudesse abrigar os artistas do Pigmento e as obras que se originam das visões de mundo de cada um deles em relação a algo icônico e com o objetivo de ter a arte como método de pensamento sobre problemas sem, necessariamente, produzir soluções. É uma forma de resistência."

Na exposição, é possível encontrar trabalhos dos doze participantes do grupo, que dialogam com elementos internos do prédio, assim como com características de relação da BMA com o resto de São Paulo. Mariana Mattos, por exemplo, propôs obras que refletissem sobre o futuro das bibliotecas e a necessidade de se reinventar. Renata Pelegrini explorou a biblioteca como um lugar para experimentar o tempo, um espaço usado para construir certezas e elaborar dúvidas. Já Rosana Pagura entrevistou os frequentadores do edifício e observou as novas formas de se fazer pesquisas, usando notebooks e smartphones.

Salles, aliás, ressalta a importância da arte como meio de reflexão. "É o [meio] mais rico e mais surpreendente por sua capacidade de desvelar aspectos inusitados através um pensamento formalizado e que não visa esse desvelamento como uma função ou um uso a ser atingido e mensurado como uma metodologia puramente científica e utilitária", comenta. "A beleza da arte, ou de uma exposição, é a possibilidade que ela descortina para as pessoas serem atingidas por sua própria vontade e desejo e não de outrem."

Além das obras individuais de cada artista do Pigmento, A Biblioteca que eu vi também apresenta itens da própria BMA. Obras, livros, objetos e documentos do acervo da própria biblioteca, em um total de mais de 100 itens, estão sendo apresentados no piso térreo e terceiro andar da Mário de Andrade. Ou seja: mais do que uma exposição, a mostra é um convite para os frequentadores se integrarem com o espaço, sua história e seus significados.

"O projeto e a exposição A Biblioteca que Eu Vi foram desenvolvidos de maneira que a curadoria denominou constelar", afirma Marcelo ao Esquina. "Isto envolveu leitura de textos, discussões e apresentação de trabalhos que tivessem a biblioteca como ponto de partida, seja como objeto arquitetônico, como o local por excelência do livro e da literatura ou como um espaço para entendermos passado, presente e futuro e como tudo isto se relaciona de maneira a gerar influências entre as esferas de pensamento, como se a gravidade agisse sobre este Universo que é a própria biblioteca."

A mostra já acontece na Biblioteca Mário de Andrade, até o dia 12 de agosto. Salles diz que não prefere criar expectativas quanto a este período de conexão das obras com o público. "Prefiro não ter expectativas, pois isso não depende de um curador, de um produtor ou mesmo dos artistas", afirma. "A partir do momento que uma exposição e suas obras estão disponíveis ao público, a expectativa deve dar lugar à potência de atingir o outro ou não. A Biblioteca que Eu Vi acontece de novo e a todo momento que o espectador vê aquilo que vimos e constrói sua visão de mundo."

EXPOSIÇÃO: A BIBLIOTECA QUE EU VI

GRUPO PIGMENTO NA MARIO DE ANDRADE

Abertura: 29 de junho (sexta-feira), às 19h

Visitação: até 12 de agosto | Horários: diariamente, das 8h às 18h

Local: Biblioteca Mario de Andrade (térreo e 3º andar)

Endereço: Rua da Consolação, 94, Centro | Telefone: (11) 3775-0027

Classificação Indicativa: livre | Entrada gratuita

 

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