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Matheus Mans e Bárbara Zago

Bambu é protagonista na abertura da Japan House, em São Paulo


Ao longo dos milenares anos da cultura japonesa, um item a permeou de maneira silenciosa e por toda a sua existência: o bambu. Usado como brinquedo e até como arma em guerras, a gramínea foi a escolhida para contar a história do Japão na exposição Bambu -- Histórias de um Japão, que inaugura os trabalhos na Japan House, em São Paulo, e que pretende disseminar a cultura do país oriental pelo Brasil.

Por fora, Japan House já chama a atenção. Inaugurada há poucas semanas, a casa de exposições tem visual minimalista e conceitual, com vigas de madeira cobrindo toda a sua estrutura. A longa fila de pessoas interessadas em entrar no local - que não cobra ingressos - também impressiona. Aos finais de semana, a fila da casa na Av. Paulista chega a avançar pelo quarteirão, alcançando outros comércios.

No entanto, difícil alguém desistir pelo tempo de espera: além da fila avançar com passos rápidos, a beleza da exposição inaugural já chama a atenção pelo vidro e a organização da casa é um outro atrativo. E quem não desiste é recompensado de maneira justa: logo na entrada, o visitante se vê imerso em uma outra cultura. Espaço limpo, arejado e com uma parede cheia de furinhos faz com que qualquer um se sinta em outro país, em outro clima.

Mas é claro, ninguém está ali para ver uma casa de arte bonita, e sim uma exposição completa e agradável. E isso também acontece: Bambu -- Histórias de um Japão é bela, delicada, organizada e emocionante. Ali, logo no primeiro piso, visitantes entram em contato com itens passados, como lanças feitas em bambu e belíssimos brinquedos, além de instrumentos musicais, artesanato e o broto de bambu em seu estado original.

Assim, por meio de explicações nos vidros que recobrem as obras, o visitante consegue se guiar pela exposição e fazer uma viagem completa pela cultura oriental, tudo de maneira muito direta e visual -- afinal, como dito pelo curador da Japan House, Marcelo Dantas, à Folha, "certas coisas no Japão não são para serem ditas, mas para serem vividas". E não deixe de assistir uma bela e interessante projeção da animação O Conto da Princesa, de Isao Takahata, e que é exibida dentro de uma redoma de bambus. Vale o tempo da espera.

É no segundo andar da exposição, porém, que o coração do visitante é arrebatado de vez: ali, ele encontra a principal obra de arte, de Chikuunsai IV Tanabe. Nela, cerca de 5 mil ripas de bambu, estão unidas sem cola e sem uma outra estrutura. É impressionante e belo de ver, reproduzindo uma união entre céu e terra, chão e teto.

Além disso, outras obras de arte, expostas em vidros laterais, também chamam a atenção pela inventividade e beleza -- tudo, é claro, feito com bambu e sem outros elementos interferindo na constituição da obra. E mesmo com o local lotado, é possível ver as esculturas sem problemas e interferências.

Por fim, o visitante ainda pode conhecer o restaurante do local -- que tem pratos orientais com preços entre R$ 60 e R$ 80 -- e comprar objetos japoneses à venda em toda a casa de artes, por preços um pouco salgados. Assim, a Japan House, construída pelo próprio governo do Japão, se torna como um dos principais e mais interessantes polos culturais de São Paulo, e ponto para a difusão de culturas alternativas.

SERVIÇO:

Endereço: Avenida Paulista, nº 52, São Paulo

Horários: Terça a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriado das 10h às 18h.

Ingresso: Gratuito

Exposição fica aberta até 9 de julho.

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