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Prefiro começar essa resenha sendo completamente honesta com vocês: Bad Education é uma série completamente sem noção. A produção britânica, que em curto período se tornou queridinha na terra da rainha, traz personagens peculiares e um enredo nem um pouco criativo: um professor paspalhão, alunos na flor da adolescência e piadinhas rolando solto.
Mas vamos ao que interessa. Ao contrário do que muito devem ter pensado ao ler este primeiro parágrafo, Bad Education é uma série incrível. Tão incrível que resolvi vir enaltecê-la por aqui. Eu diria que é possível assistir à produção inteira em um dia intenso de binge-watching: são apenas 19 episódios, de 20 minutos, divididos em 3 temporadas de um humor temperado e um tanto quanto diferente das sitcoms americanas com risadas infinitas ao fundo como Two And A Half Man e Friends.
O roteiro de Bad Education se passa inteiramente no colégio Abbey Groove, onde Mr. Alfie, interpretado por Jack Whitehall, se mostra ser o pior (ou o melhor?) professor do mundo. Aproveito a deixa para enaltecer que Whitehall é um comediante de renome no Reino Unido e que a série é invenção dele. É isso mesmo: uma comédia interpretada e roteirizada por um comediante profissional. Ou seja, a chance de a mistura ter dado certo é enorme.
E deu. Whitehall entrega Alfie repleto de humor negro, com uma pitadinha daquele humor bobalhão que todos nós precisamos. Afinal de contas, de séria já basta a vida real. O professor, à frente de uma sala repleta de alunos tão excêntricos quando o mestre, é uma criança no corpo de um adulto. Ele mesmo, por seu jeitinho Alfie de ser, se coloca em situações constrangedoras com muita frequência, o que me faz pensar que #SomosTodosAlfie. E ele, junto à turma a qual (tenta) ensinar, formam um elenco que fica difícil de desapegar.
A grande sacada de Bad Education é a sátira, repleta de extremos que reforçam ainda mais o intuito desse tipo de humor. Na classe de Mr. Alfie temos a asiática com um Q.I surreal, o filhinho de papai delinquente, um aluno homossexual bastante espalhafatoso, uma aluna que é tão bonito quanto fútil e um gordinho fora dos padrões que sofre bullying. Tudo assim, do jeitinho que falei: bem estereotipado. Aqui aproveito e já ressalto mais um dos pontos fortes da série: os atores escolhidos para cada papel. Todos eles dão vida de forma muito intensa para seus personagens, que já são naturalmente intensificados pela ideia de humor politicamente incorreto de Whitehall.
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Quando digo que o humor de Bad Education é politicamente incorreto, penso na possibilidade de muitos espectadores considerarem um tipo de humor “pesado”, o que me faz pensar que talvez seja esse o diferencial da produção: ter criado um novo conceito de humor para telinha. Em um universo de entretenimento onde How I Met Your Mother, Friends e The Big Bang Theory são os grandes nomes, Bad Education cai de paraquedas.
Repleta de referências ao universo britânico no roteiro, a série é um desafio para nós espectadores que estamos acostumados com os episódios vendidos por Hollywood. Ouso a dizer que Mr. Alfie é como aquele vilão que a gente torce por um final feliz: ele fala e faz muita coisa errada e mesmo assim nos cativa de forma exclusiva e inexplicável.
A série de Jack Whitehall é simples, despretensiosa. E nos arranca boas risadas justamente por isso. Sem roteiros forçados para render mais temporadas, sem exageros de personagens, e, por que não dizer, sem escrúpulos. É isso. Bad Education é uma série sem escrúpulos. E eu digo isso com a melhor conotação que há.
A série do Reino Unido é boa do episódio piloto ao series finale. Tão boa que ganhou um filme. Em 2015, The Bad Education Movie trouxe aquele chorinho para os fãs. Sem perder a pegada da série, Mr. Alfie embarca para uma viagem de escola com a sua turminha do barulho e o resultado da bagunça você já sabe, né? Muito humor atravessado e muita confusão. Isso até soou como um narrador de Sessão da Tarde, não é mesmo? Mas longe disso, Bad Education é não é apenas para a sua telinha em uma tarde ociosa. É mais e traz humor para ser passado de geração em geração e para servir de exemplo para futuros pilotos advindos da terra do Tio Sam.
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