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Foto do escritorMatheus Mans

As diferenças entre o livro e o filme de 'Bird Box'


Na última semana, a adaptação cinematográfica de Bird Box, ótimo livro de Josh Malerman, chegou à Netflix. O longa-metragem dividiu a opinião de público e crítica, obtendo nota 6,8 no IMDb e 66% de aprovação no Rotten Tomatoes -- aqui no Esquina, reprovamos o filme. Grande parte dessa rejeição também surge por conta da brutal diferença entre livro e filme. Por mais que não seja possível deixar a história idêntica nas duas mídias, a essência precisa transcorrer para a adaptação. E isso não ocorre aqui. Muita coisas foram alteradas e a história perdeu um pouco do impacto geral.

Abaixo, o Esquina compilou as diferenças entre o livro e o filme de Caixa de Pássaros. Confira:

A participação de Shannon

A irmã de Malorie, Shannon, morre logo no início do filme numa cena carregada de dramaticidade quando é brutalmente atropelada. A sequência foi uma surpresa por dois motivos. Primeiro: esperava-se que Sarah Paulson (American Horror Story) tivesse um papel mais relevante no longa-metragem. E também por conta da personagem de Shannon no livro. Lá, ela consegue sobreviver à primeira grande onda de suicídio e chega a se abrigar com Malorie numa casa. Mas é encontrada morta depois no banheiro, com uma fresta da janela aberta.

Os personagens secundários

No livro, a maioria dos personagens secundários conta com interessantes camadas de desenvolvimento e importância na trama. Já no filme, grande parte deles serve apenas como impacto visual em suas cenas de morte. Mas o grande ponto é o personagem de Gary (Tom Hollander). Ele é um morador de rua que entra na casa, mas é deixado no porão. Ali, aos poucos, ele vai infectando o personagem de Don (seria Douglas, interpretado por John Malkovich?) e o convencendo a abrir as janelas. No filme, os personagens secundários são tão subdesenvolvidos que não há essa virada. Gary tem apenas um ato arbitrário de tirar as proteções da janela. Tudo muito sem um sentido.

Clímax alterado

Há diferença no clímax do livro pro filme. Ainda que seja um momento de tensão, por ser quando Malorie e Olympia estão parindo e Gary está surtando, a coisa é um pouco mais feia na trama de Malerman. A maioria das pessoas na casa estava viva e bem. Mas com o surto de Gary, todos começam a morrer -- só a cena de Olympia que é fiel. Malorie, então, sai com os bebês no colo, começa a tatear seu caminho e sente sangue nas mãos. É quando o desespero bate e ela sai fugindo, em busca de um novo abrigo.

Pequenos detalhes

Um dos pontos negativos do filme é que, além da tal venda, não há nada marcante de fato. Parece que faltou algo para que a situação do grupo se tornasse emblemática, impressionante. E isso poderia ter sido contornado por pequenos detalhes descritos no livro, mas que ficaram de fora no filme. A cada vez que alguém saía para buscar recursos, por exemplo, passavam uma vassoura na casa antes de abrir a venda para se certificarem que nada entrou. No entanto, por outro lado, o filme coloca alguns recursos visuais para mostrar que as criaturas estão por perto, como estática e sombras.

As crianças são mais espertas

Talvez para criar vínculos e identificação com o espectador, as crianças são bem inúteis no longa-metragem. Não ajudam muito a mãe e sempre fazem alguma estupidez -- como no momento que a Menina sai do barco enquanto a mãe vai vasculhar uma área. Já no livro, ela crescem e são criadas para ter um instinto de sobrevivência. Escutam muito bem -- como se fossem pessoas realmente cegas -- e ajudam a mãe a se prevenir da tal criatura. Os dois sabiam até reconhecer a direção do vento. Pois é.

A cena do rio

A cena de Malorie e as crianças no rio é tensa pois Malerman sabe criar suspense psicológico. Lembra do homem que a intercepta e ri por estar vendada? Ele nunca ataca o barco. Só ri, faz algumas piadas e vai embora. Isso, nas mãos do diretor certo, seria muito mais tenso do que um ataque em si. O mesmo vale para a criatura, que nunca chega a derrubá-los no rio. Há apenas um excelente jogo psicológico -- e que, no filme, virou essa cena desnecessária, confusa e repleta de clichês de filmes de horror. Nada de inventivo, nada que dê medo de verdade. Talvez apenas dó pelas duas crianças.

 

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