Lá se vão décadas desde a estreia de 2001: Uma Odisseia no Espaço, filme de Stanley Kubrick que mexeu com as emoções das pessoas. Ainda que fale sobre diversos temas abstratos e filosóficos, seu principal fio narrativo é a tecnologia. Um simulacro -- no caso, o tal do monomito -- provoca alterações no comportamento e acaba se tornando determinante na humanidade.
É uma crítica mordaz e visionária de Kubrick e de Arthur C. Clarke à tecnologia. Algo que, naquele distante 1968, ainda era uma discussão relegada à pequenos círculos. Hoje, pode-se dizer que esse simulacro tomou conta do mundo. E são inúmeras as obras, de ontem e de hoje, que falam sobre essa dependência e para os riscos da tecnologia. Abaixo, confira nossa seleção.
2001: Uma Odisseia no Espaço
(2001: A Space Odyssey)
Como já ressaltado, este longa-metragem dirigido por Stanley Kubrick e roteirizado por ele e Arthur C. Clarke é uma história de muitas interpretações. Cada pessoa, de acordo com a sua bagagem, interpreta o filme de uma maneira. No entanto, como fio condutor está a questão de um simulacro -- o tal monomito -- e mostra a humanidade avançando por meio de ferramentas. Começa como o despertar de macacos para ferramentas e avança até a exploração espacial, quando dependemos totalmente desses simulacros. Hoje, difícil não pensar nessa dependência a partir de celulares e computadores. Será que precisamos nos libertar dessas ferramentas?
Blade Runner
(Blade Runner)
Aqui, o cineasta Ridley Scott conta uma história, adaptada do livro de Philip K. Dick, sobre um mundo em que androides são caçados após uma série de problemas. Como protagonista, Rick Deckard, um caçador de androides. Além de falar sobre um mundo desolado, apesar da tecnologia, o grande ponto aqui é a forma de tratar os seus diferentes. De alguma forma, os androides são mais vivos do que os humanos. A diferença no trato é gritante. E, com isso, Scott se vale de Blade Runner para alertar as pessoas sobre a perda de humanidade em sociedades altamente tecnológicas. Um filmaço que ganhou a excelente continuação Blade Runner 2049.
QualityLand
(QualityLand)
Um dos melhores livros de 2020, QualityLand é uma obra visionária do alemão Marc-Uwe Kling. Usando elementos de inspiração de obras clássicas como 1984 e Admirável Mundo Novo, QualityLand cria um país inédito, tecnológico e possível ao longo de suas quase 350 páginas. O uso de dados foi massivamente amplificado, as propagandas estão em todos os lugares e o mundo vive a era da imersão digital total. Androides circulam por aí, carros e portas falam, etc. A partir daí, Kling se vale de uma série de personagens para construir um panorama geral desse intrincado e difícil mundo novo. A resenha completa do livro pode ser lida AQUI, neste link.
A Mosca
(The Fly)
Filme mais provocativo de David Cronenberg, A Mosca conta a história de um cientista (Jeff Goldblum) que cria uma máquina de teletransporte. No entanto, durante um dos testes, ele acaba sendo teletransportado com uma mosca e seus genes são misturados. Aos poucos, a partir daí, o cientista começa a se transformar no inseto. É um filme provocativo e que traz uma brincadeira narrativa interessante: o homem entra na tecnologia como uma das possíveis grandes mentes do século e, do outro lado, sai como uma das criaturas mais simples da biologia. É intenso, é nojento, é estranho. E, no final, difícil não ficar com o filme na cabeça.
Homens, Mulheres & Filhos
(Men, Women & Children)
Este aqui vale uma indicação dupla: o livro de Chad Kultgen e o livro dirigido por Jason Reitman. Opção mais "pé no chão" desta lista, Homens, Mulheres & Filhos fala sobre a sociedade em tempos de redes sociais. Não há androides, não há grandes tramas obscuras, nem nada do tipo. São famílias e pessoas convencionais que acabam tendo suas vidas afetadas por conta de algum aspecto da tecnologia. Destaque para o libro de Kultgen, que consegue traçar profundos e interessantes perfis psicológicos sobre a sociedade em tempos de conexão e de redes sociais.
O Exterminador do Futuro
(The Terminator)
E o exemplo mais óbvio desta lista fica com O Exterminador do Futuro. Clássico dirigido por James Cameron e protagonizado por Arnold Schwarzenegger, o longa-metragem brinca com viagem no tempo para falar de uma sociedade destruída. No passado, robôs servem como exterminadores que lutam contra humanos e, assim, tentam controlar toda a humanidade. Ainda que a mensagem seja mais direta ao ponto, sem grandes filosofias por trás, é destacável o clima pessimista do filme e, principalmente, a história da Skynet -- uma empresa de tecnologia que, sozinha, construiu robôs com inteligência artificial que acabaram tomando conta do planeta.
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