1. História
A trama de Impuros, série da Fox que estreou na última sexta, 19, mas que já está com episódios disponíveis no streaming da produtora, é extremamente atual e relevante para o País. Acompanha a jornada de Evandro do Dendê (Raphael Logam), rapaz que tenta seguir uma vida correta, mas que se volta para o crime quando o irmão é morto por um policial. A vida no exército fica pra trás e os olhos brilham para a vingança.
A produção ainda mostra detalhes da vida do policial Victor Morello (Rui Ricardo Diaz); da MC Geisi (Lorena Comparato) que entra num relacionamento complicado com o protagonista; e de dois traficantes vividos por André Gonçalves e Sérgio Malheiros.
2. Ambientação
Para fugir das tramas básicas e óbvias sobre vida nas favelas brasileiras, os diretores René Sampaio e Tomás Portella e o criador Alexandre Fraga optaram por ambientá-la no Rio de Janeiro da década de 1990. E não é algo gratuito, apenas para causar um sentimento forçado de nostalgia. Na história, um rapaz se torna contador do dinheiro do tráfico e resolve colocar tudo no banco de olho nos rendimentos. E o que acontece? Isso mesmo: o presidente Collor põe o confisco das poupanças em prática.
3. Personagens reais
Enquanto a maioria das produções envolvendo tráfico e favelas são cheias de esterótipos, Impuros aposta numa desconstrução contínua e intensa. Ninguém é o que parece ser -- sensação, aliás, que gerou o nome da série. Ninguém ali é totalmente mocinho, ninguém é totalmente vilão. São dramas pessoais que vão permeando a vida de cada um e os moldando aos poucos. É um dos benefícios que as séries possuem e que os criadores de Impuros sabem pôr em prática. Aula de criação de personagens.
4. Fora dos padrões
Além da desconstrução de personagens, já mencionada acima, o elenco é fora dos padrões, rompendo preconceitos. Os traficantes não são apenas negros, por exemplo. Além disso, há uma mistura extremamente real de etnias, que exalam brasilidade. O irmão de Evandro do Dendê, por exemplo, é bem mais claro e está tudo bem. Afinal, é assim a realidade, é assim o dia a dia. Não há motivo para seguir padrões, expectativas e estereótipos. O Brasil é uma mistura e, infelizmente, poucas produções mostram isso.
5. Trilha sonora
Por fim, há de se exaltar a excelente trilha sonora. Pouco óbvia, ela transita entre composições originais que dão ritmo à trama até uma interpretação inigualável de Rap da Felicidade por Alcione. É muito bem encaixada na trama e arrepia. Até mesmo quando a versão original do funk ressoa na tela, bem mais pobre acusticamente, há um motivo por trás, um sentimento. Mostra o cuidado que essa ótima e surpreendente série nacional teve com sua produção. Vale a pena conferir no canal pago e no aplicativo da Fox.
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