Clássico da literatura americana, Mulherzinhas é uma história que se torna cada vez mais universal. Escrita por Louisa May Alcott e publicada por volta de 1868, a obra já ganhou diversas adaptações do cinema, sendo a mais famosa a de 1994 e a mais interessante a de 2019 -- que, inclusive, foi indicada ao Oscar e rendeu bons elogios da crítica para a diretora Greta Gerwig.
No entanto, nada melhor do que ler a obra original. Mergulhar nas palavras, entender melhor as personagens e compreender o que aquela trama de Alcott busca dizer. Por isso, elencamos três motivos pra mergulhar de vez na história e entender a magia por trás do clássico Mulherzinhas:
1. A trama é emocionante
Louisa May Alcott lembra, guardadas as devidas diferenças regionais e de época, Jane Austen. Assim como em Orgulho e Preconceito e Emma, os personagens são bem detalhados, o fio narrativo vai surgindo aos poucos, a história encanta. No caso de Mulherzinhas, acompanhamos a jornada de quatro irmãs (Jo, Beth, Amy, Meg) num momento delicado de sua família. O pai, afinal, foi convocado pra guerra e elas, junto com a mãe, terão que se virar na solidão da casa.
É emocionante notar o amadurecimento dessas quatro jovens, que precisam enfrentar medos, vazios e dúvidas numa época em que nada é certo. A relação com a mãe, que vai ganhando camadas conforme o livro avança, traz tons ainda mais poderosos pra narrativa. Por mais que algumas passagens sejam cansativas, com muita descrição, não há inflexões ou anticlímax. Alcott constrói a trama consciente. E nós, leitores, vemos seu amadurecimento nas páginas.
2. Alcott nos faz mergulhar na história
Como dito no item anterior, há um excesso de descrição por parte da narrativa de Alcott. Por mais que isso canse em alguns momentos e até afaste leitores que preferem tramas mais dinâmicas, é inegável um efeito: a imersão naquele ambiente em que vivem Jo, Beth, Amy e Meg. O leitor mais engajado irá encontrar nas páginas de Mulherzinhas uma sensibilidade que toca a emoção e faz com que tudo aquilo se torne extremamente realista, verdadeiro, natural.
Não há aqui artifícios para enganar o leitor ou criar uma ambientação que não existe. A evolução das personagens é lenta, mas dá para ser sentida a cada página -- muito por conta da delicadeza de escrita de Louisa May Alcott. Jo ganha asas, Amy amadurece, Meg encontra um caminho, Beth se apaixona ainda mais pelas teclas do piano. São transformações que impedem uma leitura apática. É difícil, nas últimas páginas, não soltar um suspiro ou derramar lágrimas.
3. 'Mulherzinhas' ainda é atual
Apesar de ter sido escrito há mais de 150 anos, é interessante observar como Mulherzinhas ainda é um livro extremamente atual em vários aspectos. Como Greta Gerwig brilhantemente ressaltou no roteiro de seu filme Adoráveis Mulheres, há um ar de independência nas protagonistas-irmãs que dialoga diretamente com movimentos feministas de hoje. Assim como Jane Austen, há críticas sociais nas entrelinhas que vão pipocando ao redor do tempo.
Por isso, é transformador ler Mulherzinhas. Mais do que uma história de época ou um clássico americano, o livro encontra brechas para navegar ao decorrer do tempo. Fala sobre temas importantes, apresenta personagens marcantes, dá voz ativa para mulheres em tempos em que isso não acontecia. Ler Mulherzinhas é mergulhar em História, cultura, igualdade de gêneros. É encontrar uma voz ativa, presa no passado, mas que nos atinge com a força necessária.
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