1) Vamos começar com aquilo de sempre: a boa história. Em A Garota dos Olhos Esmeralda, a autora Ana Beatriz Brandão (de O Garoto do Cachecol Vermelho e A Garota das Sapatilhas Brancas) continua na sua saga das cores com a história de Helena, jovem que está cursando medicina e estagiando em um hospital. É lá que ela conhece Bia, uma garota alto astral, dona de um coração imenso, que vai mudar totalmente a vida de Helena ao ajudá-la a enxergar melhor o lado bom das coisas. O livro, assim, também segue um caminho sensível, ainda que Ana saiba como inserir alguns percalços no caminho para que a leitura se mantenha interessante.
2) A partir disso, podemos dizer que Ana Beatriz Brandão sabe tratar de assuntos importantes e sensíveis com uma delicadeza rara de se encontrar por aí. A partir de temas como autoconhecimento e superação, vamos entrando na vida de Lena — como é carinhosamente chamada — e entendendo o seu difícil trajeto em vencer a dor do luto. A maneira como Bia vai entrando nessa história e trazendo lições, sem soar piegas ou como se fosse uma obra barata de autoajuda, fazem com que o livro ganhe camadas. Ana, em momento nenhum, quer transformar A Garota dos Olhos Esmeralda em uma lição de moral. Quer usá-lo apenas como inspiração. Isso faz com que a obra tenha uma grandeza de significados e de potência.
3) Por fim, podemos dizer que a conclusão não vai decepcionar, como foi possível sentir em outras resenhas sobre O Garoto do Cachecol Vermelho. Há aqui bons significados que surgem a partir de tudo que foi absorvido até aquele momento. Lena e Bia são, sem dúvidas, boas personagens que, ainda que um pouco abaixo de algumas tramas já escritas por Ana Beatriz, vão fazer com que leitores e leitoras compreendam a importância de buscar ajuda, de falar, de encontrar quem te entenda. A Garota dos Olhos Esmeralda é um bom livro e vale a leitura.
Mas, porém, todavia, entretanto... Apesar desses três pontos positivos, fica aqui o aviso de que a leitura não é empolgante. É uma escrita mais serena, embasada por uma história muito baseada nas emoções e nos sentimentos das personagens. A superação do luto, afinal, não se resolve com dois ou três acontecimentos, mas sim com muita conversa. Ana Beatriz Brandão entende e respeita isso, dando o ritmo necessário para a história. Se você está buscando algo com mais ritmo para esquecer os problemas lá fora, melhor deixar A Garota dos Olhos Esmeralda para um outro momento. Este livro exige calma e que você tenha a paciência necessária para a história.
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