É inegável que 2017 foi um ano plural para o cinema. Vimos de tudo nas telas e dezenas de produções chamaram a nossa atenção. No entanto, junto com essa pluralidade, muitas coisas passaram batidas pelo público, que não conseguiu conhecer todas as histórias nas telonas. Por isso, o Esquina separou treze ótimos filmes de 2017 que você não deve ter visto, mas que agora merece um pouco do seu tempo. E não esqueça de deixar comentário ao final da lista!
Ninguém Está Olhando
Ninguém Está Olhando é apenas o primeiro filme argentino desta lista -- outros dois virão por aí. Aqui, acompanhamos a história de um ator argentino que decide largar tudo em seu País para viver o sonho americano. No entanto, é claro, as coisas não dão certo e o rapaz começa a trabalhar como babá para sobreviver. Alguns críticos tiraram méritos do filme ao dizer que há um tom novelesco. Eles é que não perceberam como isso é proposital para transformar a saga do jovem em algo ainda maior: o retrato de um continente dentro de um outro País.
Thelma
Indicação norueguesa para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Thelma é o filme mais estranho -- e ousado -- da lista. Cheio de metáforas visuais e narrativas, o longa é um relato inteligente e delicado sobre o amadurecimento de uma garota que sempre viveu com a sombra de sua família, religiosa e conservadora. Apesar de alguns exageros, o filme emociona e tem passagens marcantes, causando até certo desconforto -- no sentido positivo da palavra -- pelo seu realismo brutal.. Vale a pena conhecer um pouco mais do cinema nórdico.
Negação
2017 foi um ano campeão no quesito de filmes sobre Segunda Guerra Mundial. No entanto, dos vários títulos lançados sobre o tema, só dois chamaram a atenção. O primeiro deles é este longa que conta a história real da historiadora processada por um colega após uma série de trocas de ofensas. Afinal, ele diz que o Holocausto não aconteceu e ela, claro, não aceita isso. O que vemos, então, é um bom filme de tribunal onde a historiadora precisa comprovar que o Holocausto, de fato, aconteceu. É bem feito e a história é muito relevante nos dias de hoje.
O Zoológico de Varsóvia
O outro filme sobre a Segunda Guerra Mundial é este delicado drama sobre um zoológico que serve como abrigo secreto para judeus durante a invasão nazista à Polônia. Parecido com A Lista de Schindler, longa emociona e tem atuação certeira de Jessica Chastain, que consegue imprimir o espírito de uma mulher à frente de seu tempo para sua personagem. A recriação do zoológico também é outro ponto alto, dando mais veracidade à trama. Vale a pena não só pela sua produção, mas também pra conhecer um pouco mais deste relato esquecido na história.
Invisível
O drama adolescente Invisível não é tão bom quanto o primeiro filme de seu diretor, o Las Acácias, mas merece estar nesta lista. Desta vez, Pablo Giorgelli abandonou a conversa na cabine de um caminhão e partiu para uma história ainda mais intimista: o drama de uma garota que engravida de seu chefe e, sem ajuda, precisa decidir o que fazer a seguir em sua vida. O cineasta continua com uma câmera delicada -- invisível, até -- que insere seus espectadores, aos poucos, dentro da vida de seus personagens. O resultado final é, sem dúvidas, arrebatador.
Terra Selvagem
Taylor Sheridan é um nome que chama a atenção com cada vez mais entusiasmo. Afinal, o norte-americano é responsável pelo roteiro de dois grandes filmes recentes -- A Qualquer Custo e Sicario -- e agora assina também a direção deste bom filme de suspense dramático. Aqui, suas principais características estão ainda mais fortes, como a interessante crítica social e os seus personagens marginais. Pena que perde força na construção de suspense. Se não fosse isso, Terra Selvagem estaria, sem dúvidas, dentro os melhores longas do ano. Mas merece um lugar aqui.
A Vida em Espera
Bryan Cranston, de Breaking Bad, estrela este interessante drama sobre um homem que vai pra casa, mas que decide, no meio do caminho, que vai abandonar toda sua vida e morar no sótão que fica na parte de cima de sua garagem. Sim, parece um grande absurdo, mas A Vida Em Espera é um valioso estudo sobre a mente humana e como nos comportamos em situações limite -- principalmente quando não somos observados. Fora isso, Cranston está impecável, fazendo o espectador sentir ódio e carinho pelo seu estranho personagem em iguais medidas.
Um Contratempo
Filme que confirma a força do cinema espanhol para criar suspenses com reviravoltas que fariam M. Night Shyamalan gritar de surpresa. Aqui, acompanhamos a história de um rapaz que tenta provar inocência perante a morte de sua amante. Apesar de não ter destaques de atuações, o filme é de uma engenhosidade tremenda com relação ao roteiro e à direção, do espanhol Oriol Paulo -- que já tinha mostrado seu potencial com o também desconcertante El Cuerpo. É impossível adivinhar todo o final que o cineasta reserva ao público. E o filme está na Netflix.
Lady Macbeth
Integrante, também, da lista de melhores do ano para o Esquina -- e talvez seja o único site a lembrar de sua existência neste ranking de final de ano. Afinal, o longa-metragem passou completamente batido nos cinemas e com poucas críticas sobre. Porém, eu fui totalmente tragado para dentro de sua história cheia de reviravoltas e momentos intensos, apesar da história parecer com algumas outras coisas já feitas por aí. Além disso, a atriz Florence Pugh dá um show, sugando os espectadores para a tela. É a síntese do que é o verdadeiro cinema.
O Cidadão Ilustre
Até o final do primeiro semestre, O Cidadão Ilustre considerado, para o Esquina, o melhor filme do ano. Com o passar do tempo, no entanto, o longa-metragem argentino ficou para trás. Mas ainda merece um espaço aqui. Acompanhando a viagem de um premiado escritor à sua cidade-natal, o longa é uma mostra de como nosso vizinho latino-americano faz cinema maravilhosamente bem. O filme vale a pena não só pela premissa, como também pelo desenvolvimento de personagem, que ganha camada sobre camada a cada minuto de sua história.
Paterson
Mais um acerto na carreira do ótimo diretor Jim Jarmusch e do ator Adam Driver, o delicado filme Paterson é poesia pura. Daqueles filmes que respiram arte, encantamento e beleza em cada um de seus frames. Tudo por meio da visão de um motorista de ônibus com o nome de Paterson, que, em sua rotina monótona, escreve poemas sobre tudo que acontece ao seu redor.
Norman: Confie em Mim
O filme mais incompreendido desta lista. Aqui, Richard Gere está irreconhecível e interpreta um judeu que pensa ter vários contatos e muito influência dentro de seu meio. Dentre seus devaneios e mentiras, vamos conhecendo uma história repleta de erros e que vão levando o filme para uma conclusão desesperadora. Além de Gere estar ótimo e criar um personagem com potencial de ficar marcado, o filme conta com um roteiro inteligente e uma direção bem atenciosa.
Armas na Mesa
Pouco comentado, mas com uma trama original e necessária: acompanha uma poderosa estrategista política que arrisca sua carreira a fim de passar com sucesso uma emenda com leis de controle de armas mais rígidas. Além de revelar bastidores da política americana, que são ainda mais sujos do que nós pensamos, o filme faz um ótimo serviço ao mostrar o mercado do lobby e ainda conta com uma das melhores atuações da carreira da atriz Jessica Chastain -- o que não é pouco, se relembrarmos seus papéis em A Hora Mais Escura e Interestelar.
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