151 lugares. Essa é a capacidade da sala de cinema do Instituto Moreira Salles, na Avenida Paulista, que foi escolhida pra ser o local principal para a 23ª edição do tradicional festival de documentários É Tudo Verdade. Erro crasso. Para se ter uma ideia, a Cinesala, na região próxima, tem capacidade para 250 pessoas. O CineSesc, na Rua Augusta, comporta 245. É uma diferença pequena, aparentemente, mas que acaba fazendo uma grande diferença no festival.
Nas principais exibições do É Tudo Verdade, as salas lotaram com uma velocidade fora do normal. O longa O Processo, que mostra os bastidores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, alcançou o limite de capacidade, ainda na fila, cerca de duas horas antes do filme ser exibido. Quem não conseguiu entrar na sessão das 17h, então, precisou esperar a exibição das 20h. Muito tempo de espera, muita falta de organização e poucos lugares para um festival.
Pior: a organização do É Tudo Verdade não previu que O Processo seria a exibição mais concorrida e fez apenas duas sessões do longa-metragem no mesmo dia e horário, sem possibilidades de assistir ao longa no SESC 24 de Maio (com capacidade de 216 lugares) ou no Itaú Cultural. No final, apenas 453 pessoas conseguiram assistir ao filme, sem excluir os convidados especiais da produção do filme ou, até mesmo, do próprio festival.
Além disso, o próprio Instituto Moreira Salles se mostrou incapaz de receber tanta gente de uma só vez. Os funcionários são confusos, não sabendo informar corretamente informações essenciais para o público. Outros, em momentos em que o local começava a ficar cheio, não sabiam manter a gentileza. É falta de preparo, de organização, de espaço e de coordenação.
O É Tudo Verdade 2018 teve uma qualidade razoável de filmes, apresentando bons longas como Auto de Resistência e Missão 115 -- e outros apenas razoáveis, como Meu Nome é João Rubinato e Che. Mas na questão de organização e cuidado com o público, nota zero. O Instituto Moreira Salles, sem dúvida, não é o local indicado para a realização de um festival, empobrecendo sua importância. Afinal, pode ser chamado de festival quando seu principal filme atinge 450 pessoas?
A torcida é para que o É Tudo Verdade consiga se recuperar e, em 2019, volte a apresentar uma organização aceitável e melhor escolha de salas -- nem que deixem o IMS como sala secundária, dando o protagonismo para o SESC 24 de Maio. Neste ano, infelizmente, não deu.
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