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Foto do escritorMatheus Mans

'Kingsman' do espaço, livro 'Os Seis Finalistas' diverte e entusiasma


O mundo está a um passo do precipício. O aquecimento global se concretizou e a natureza mostrou sua força. Tempestades destroem, ventos se mostram impiedosos, o mar avança sobre o continente. Como resposta, a NASA decide recrutar vinte e quatro jovens para uma série de testes. O objetivo? Escolher seis deles para uma viagem só de ida à Europa, uma das luas de Júpiter que se mostrou totalmente apta para receber os humanos.

Escrita pela norte-americana Alexandra Monir, essa premissa é que norteia o livro Os Seis Finalistas, lançamento da editora Jangada. É a partir disso que a autora se aprofunda nos personagens Leo e Naomi. Ele é italiano e especialista em mergulho, ávido para ser um dos escolhidos. Ela, por outro lado, está infeliz. Quer ficar com a família na Terra e cuidar de seu irmãozinho, doente. Será preciso, então, sabotar toda a missão.

Difícil não traçar alguns paralelos da história de Monir com algumas obras por aí. Há toda a questão do treinamento de jovens, visto em Kingsman e, ainda mais diretamente, no bom Ender's Game. Há, também, um quê de Hogwarts, de Harry Potter, na "escola espacial" onde Leo e Naomi são postos em treinamento. E isso sem falar numa relação direta com a bomba cinematográfica The Titan, da Netflix, que mostra a colonização de Europa.

Ainda que haja tantas referências -- diretas e indiretas --, não dá pra dizer que Os Seis Finalistas é pouco original. Inteiramente montados em cima de Leo e Naomi, o livro mostra lados opostos sobre uma missão espacial derradeira. Com bom desenvolvimento de personagens, Monir acerta na polaridade que cria, fazendo com que fique difícil desgrudar da história. Naomi é uma personagem interessante. Leo é cativante.

Além disso, tal qual Kingsman, o livro da editora Jangada cria uma série de intensas situações enérgicas pelas quais os personagens passam. Tem o teste de gravidade zero, o paraquedismo, corrida no gelo. São várias e várias provas espaciais que, junto com a boa e inteligente escrita de Monir, criam passagens memoráveis e que dão agilidade ao livro, que não se contenta em ficar preso ao cotidiano repetitivo de uma escola espacial. Bom acerto.

Vale ressaltar, também, a boa evolução na relação entre Naomi e Leo. Ainda que óbvia, ela ajuda a dar um pouco de vivacidade à história -- algo que o filme The Titan falhou intensamente. Também são óbvias algumas das reviravoltas conceituais pontuadas ao longo da trama. Mas isso não tira o brilho da história, que vai ganhando interessantes camadas ao longo de sua leitura. É uma construção cuidadosa de universo a ser aqui apresentado.

Os erros de Monir são pequenos, então. O principal é um certo maniqueísmo de seus personagens, que acabam denotando um pouco de polarização forçada à trama. O sobrinho do presidente dos Estados Unidos -- referenciado como uma espécie de Donald Trump -- é óbvia e caricatural demais. Falta camadas ali. Assim como também pesa a ausência de personagens secundários para dar suporte à narrativa e engrandecer a trama.

Só que o final de Os Seis Finalistas, vigoroso e surpreendente, ajuda a esquecer esses problemas e embarcar na aventura, no drama e no ímpeto da exploração espacial. Ansioso pela óbvia continuação, ainda sendo preparada por Monir. E, mais ainda, esperançoso quanto à possível adaptação cinematográfica, que teve seus direitos comprados pela Sony. Se bem feito, pode ser um bom respiro na ficção científica juvenil no cinema. Na literatura, felizmente, já é.

 

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