De acordo com levantamento feito pelo Esquina, aproximadamente 18% dos filmes que chegaram aos cinemas em 2017 são reboots, remakes ou sequências de grandes franquias. O número pode parecer pequeno num primeiro momento, mas assusta. Afinal, são 82 filmes não-originais para os 450 lançamentos ao longo do ano. E mais: é uma porcentagem que está crescendo.
Em 2013, quando fiz este levantamento pela primeira vez para o site Literatortura, cinemas do mundo todo receberam 47 sequências em suas salas e 15 histórias adaptadas para remakes ou reboots -- cerca de 15% dos lançamentos. Em 2015, as coisas pioraram: 56 sequências ou franquias e, pasmem, 20 remakes ou reboots, resultando em cerca de 17% dos lançamentos.
No ano que está acabando, o número cresceu por conta de um grande número de remakes de grandes apostas de estúdios, como It -- A Coisa e Kong: A Ilha da Caveira. Franquias de grande sucesso também ganharam sucessores em 2017, como segundo filme de Kingsman e tramas de heróis, como Thor: Ragnarok e Liga da Justiça, que serve como uma sequência de Batman vs Superman.
No entanto, ainda assim, 2017 viu dezenas de filmes vazios de conteúdo chegando às telas. Perfeita é a Mãe 2, Pai em Dose Dupla e Além da Morte são adaptações ou sequências de histórias que ninguém lembrava e que ninguém pediu uma continuação. É uma mostra de como a indústria de cinema, muitas vezes, tenta emplacar um grande blockbuster a todo o custo.
Outra histórias já chegam ao absurdo de oito filmes, como Velozes & Furiosos e, pasmem, Jogos Mortais. A péssima franquia de Transformers também bate na trave do limite com 6 filmes, junto com Piratas do Caribe. Um absurdo incontestável que tais histórias, que já deveriam estar esquecidas em nossas memórias, se estendam de um modo tão longo e por tantos anos.
O que é mais assustador, porém, é que muitos filmes neste ano são preparações para que novas franquias e sequências cheguem nos próximos anos. Pica-Pau: O Filme, Mulher Maravilha e até Polícia Federal: A Lei é Para Todos, que tem um plano de fazer mais filmes sobre a Lava-Jato. É desesperador ver isso, por mais que o filme seja divertido. É preciso de ideias novas.
Assim, termino o artigo do mesmo jeito que concluí o levantamento de 2013: vamos enaltecer as ideias originais que surgem no cinema. É preciso mostrar para a indústria que, sim, é bom e divertido ver universos compartilhados ou criar empatia com um personagem que aparece a cada dois anos nas telonas. Mas, melhor ainda, é ver ideias originais e ousadas passando nas telonas. Afinal, criar novas histórias e nos provocar é cinema. O resto, é indústria.
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