Dentro do universo Marvel, Thor sempre foi o personagem com maior dificuldade em achar sua função. Afinal, os outros dois filmes do herói nórdico erraram no tom e não encontraram seu público. Agora, Thor: Ragnarok chega cercado de dúvidas e expectativas sobre a sua qualidade e potencial. Mas que coisa boa é o filme! Cheio de humor e visual marcante, o novo longa-metragem do Deus do Trovão é um dos mais divertidos e marcantes da Marvel. Finalmente!
Dirigido pelo talentoso Taika Waititi (de O Que Fazemos nas Sombras), Thor: Ragnarok é a história da queda de Asgard, o reino dos deuses nórdicos. O espectador, então, acompanha duas tramas principais: a deusa-vilã Hela (Cate Blanchett) toma Asgard, enquanto Thor (Chris Hemsworth), Loki (Tom Hiddleston) e Hulk (Mark Ruffalo) enfrentam caos no planeta Sakaar, local comandado pelo excêntrico Grão-Mestre (o ótimo Jeff Goldblum) e que vive de lutas de gladiadores.
Primeiro, o grande acerto de Waititi: ele deixou essa indecisão em descobrir qual é o tom de Thor e abraçou de vez a comédia. Ao invés de ser uma história de ação ou de aventura com toques de comédia, o filme parte de vez para o riso com algumas cenas de luta, ação e uma pitada de drama. Assim, desde o começo você já sabe qual é a proposta do filme e não fica esperando algo mais sombrio ou dramático, como nos outros longas. É comédia e ponto final.
Para isso, Waititi orquestra seu elenco de maneira excepcional. Jeff Goldblum (eternamente lembrado por seu papel em Jurassic Park) faz um tipo surreal e que rouba a cena -- as suas cenas, cheias de referências oitentistas e plasticidade, são as mais interessantes do longa. Tom Hiddleston, Mark Ruffalo e Tessa Thompson (de Creed) estão bem e seguram as pontas como coadjuvantes. Destaque para Taika Waititi, que compõe muito bem o divertido Korg. Vamos ficar de olho nele.
Já Cate Blanchett é, surpreendentemente, o ponto baixo das interpretações. A atriz, que já mostrou seu potencial com Blue Jasmine, entrega uma vilã Hela um pouco caricata demais, cheia de movimentos com as mãos e olhares “profundos”. Como sempre, Marvel ainda não conseguiu encontrar seu antagonista perfeito. Chris Hemsworth, enquanto isso, mostra que entrou totalmente em seu personagem e acerta com um timing cômico perfeito. Finalmente ele está se divertindo.
Falando em diversão, o roteiro é hilário. Mesmo sobrando algumas piadas em alguns dos momentos de drama, tudo ali combina. O aprofundamento de certos personagens faz bem para a trama e tudo flui. O único defeito, talvez, é que a subtrama envolvendo Sakaar é bem mais interessante do que a história em Asgard. Quando a edição trocava de um local para o outro, meu coração apertava e eu logo queria mais Goldblum, Thor, Hulk e Loki. O principal do filme, então, virou secundário.
Ainda assim, nada tira o brilho da direção de Waititi e da boa história que foi contada ali, cheia de cores psicodélicas e trilha sonora eletrônica. Thor: Ragnarok é divertido, é ousado, é original e muito, muito engraçado -- se equiparando com Homem-Formiga e Guardiões da Galáxia. Pena, porém, que isso só aconteceu no provável último filme do herói. Agora, é só torcer para que essa essência continue em vigor em Os Vingadores: Guerra Infinita. O Thor merece.
ÓTIMO
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