Difícil imaginar que Te Peguei! seria uma das agradáveis surpresas de 2018. Num ano em que comédias estão ganhando destaque, como Jumanji: Bem-Vindo á Selva e A Noite do Jogo, o primeiro longa-metragem de Jeff Tomsic surpreende com uma trama coesa, sacadas divertidas, personagens reais e, até mesmo, uma mensagem positiva que não é enfiada goela abaixo. É comédia tradicional, sem firulas e exageros, que vale o ingresso.
A trama mostra a vida de cinco amigos que, durante o mês de maio, param tudo o que estão fazendo para brincar de pega-pega. E é intenso, nada do que se vê em parquinhos de diversões. Afinal, Hoagie (Ed Helms), Chilli (Jake Johnson), Bob (Jon Hamm) e Kevin (Hannibal Buress) estão sempre correndo atrás de Jerry (Jeremy Renner), que desde criança não é pego por seus amigos. É preciso, então, muita criatividade para tocar no quinto elemento.
A direção de Tomsic, ainda que protocolar em grande parte do tempo, tem alguns recursos visuais que chamam a atenção. Nas tentativas de capturar Jerry, é usada uma câmera lenta que encaixa perfeitamente com o que está sendo contado, dando tempo para que a audiência compreenda a situação e dê muita risada. Assim como em A Noite do Jogo, não há medo na direção em ousar além do que as pessoas estão acostumadas no gênero.
O elenco também está afiadíssimo. Ed Helms (Correndo Atrás de um Pai) continua fazendo um tipo muito parecido como em todos seus outros filmes, mas funciona em conjunto com seus pares em cena. Jon Hamm (Em Ritmo de Fuga) encaixa perfeitamente como um galã e executivo de sucesso. Assim como Jake Johnson (Jurassic World) é o maconheiro e perdedor que não tem muita perspectiva na vida.
Mas é Hannibal Buress (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) e o próprio Jeremy Renner (Os Vingadores) que completam o quadro de maneira extremamente inspirada, criativa e divertida. Quando aparecem em cena, difícil não segurar um sorriso. O primeiro como um amigo meio distraído, sem muita noção do que está fazendo, e o outro como o mais rápido e inteligente no grupo. Difícil imaginar que Renner se sairia tão bem em uma comédia.
O roteiro tem lá seus problemas, como a personagem de Annabelle Wallis (A Múmia), uma jornalista que não faz muito sentido ali dentro além de referendar como a história é real. Poderia ser resolvido de outra maneira. E Isla Fisher (Animais Noturnos), que faz um tipo exagerado e cheio de caras-e-bocas, é extremamente subaproveitada dentro da trama. Ainda que faça sentido, fica estranho ela aparecer tão pouco e de maneira tão esparsa.
Ainda assim, a trama acerta com um ritmo cadenciado, que não perde o espectador em momento algum, e que ainda entrega uma "moral da história" de maneira leve, fluída e bem natural. Te Peguei!, então, é uma grata surpresa e uma boa escolha nos cinemas para quem quer passar um tempo agradável, comer pipoca e dar algumas boas risadas. Ainda faltam quatro meses para o fim do ano, mas já dá pra dizer: 2018 está sendo o ano das comédias.
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