Claire (Catherine Frot) vive em Paris uma vida repetitiva e sem novidades até que, certo dia ao chegar do trabalho, recebe uma ligação da ex-esposa de seu pai, Béatrice (Catherine Deneuve), de quem ela não recebe notícias há décadas e que, de repente, reaparece querendo encontrá-la.
Ressentida pelos desdobramentos da partida de sua madrasta ainda no início de sua vida adulta, a personagem de Frot fica tentada a negar-lhe o pedido. No entanto, depois de anos sem qualquer novidade sobre a ex-madrasta, Claire decide ceder ao pedido e vai ao encontro de seu passado para descobrir o que a trouxera Béatrice de volta.
Ao ficarem frente a frente, embora elas conversem muito pouco, a lacuna de tempo e de perguntas não feitas de repente se ergue entre elas. Apesar de não dizer quase nada, o jeito seco e amargurado de Claire torna claro que existe algo mal resolvido entre as duas e que, somente por isso, ela aceitara o reencontro.
É neste momento, então, que Béatrice revela estar gravemente doente. Desejando rever seu ex-marido uma última vez, ela acaba também sendo surpreendida ao descobrir que ele, na verdade, já falecera há muito tempo. Não havendo, portanto, mais nada que as una, a chegada de Béatrice serve apenas para que Claire encare e tente dar fim a uma mágoa que nunca a deixara ser feliz. A partir daí, perdoar e seguir em frente ou permanecer presa a sua própria dor é uma escolha que somente ela poderá tomar.
O filme, apesar de ter uma boa premissa, falha ao não aprofundar-se nos temas tratados pelo roteiro. O luto, a raiva e culpa, por exemplo, são sentimentos pincelados durante todo o filme, mas que não são trabalhados pela produção, gerando um cenário pouco convincente.
O desenvolvimento lento, acompanhando o passar dos dias unicamente pela ótica de Claire, também tornam a produção cansativa, mesmo com a boa sintonia entre Catherine Frot e a aclamada Catherine Deneuve (de Os Guarda-Chuvas do Amor). A impressão ao final é de que o filme, mesmo com tudo para dar certo, acaba pecando pela falta de emoção dos personagens e pelas pontas que o diretor, Martin Provost, não consegue amarrar.
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