Em maio deste ano, gastei 18 reais indo ao cinema assistir Ninguém Entra, Ninguém Sai, filme nacional estrelado por Letícia Lima e Emiliano D'Ávila. Mesmo imaginando que não seria grande coisa, achei que valeria a pena para dar umas risadas numa tarde de sábado. Foram 90 minutos que posso resumir em "Será que saio da sala?" e "Nunca pensei que as comédias brasileiras chegariam a esse ponto". Conversando com outras pessoas, que por sorte nem chegaram a assistir o filme, muitas relatavam como o cinema nacional estava decadente principalmente por causa dessas comédias forçadas e desgastantes. Aos que pensam isso, peço encarecidamente: assistam Chocante.
Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, o longa conta a história de uma boyband que fez sucesso nos anos 1980 e depois ficou completamente esquecida no passado. Desde o início, a premissa do filme é um acerto. Investindo nesse lado nostálgico, fica fácil fazer com que o público sinta-se familiarizado com o assunto e, obviamente, curioso com o desenrolar da trama.
O Chocante formado por Téo (Bruno Mazzeo), Tim (Lúcio Mauro Filho), Clay (Marcus Majella), Tony (Bruno Garcia) e Rod (Pedro Neschling) decide realizar um show cantando sua (única) música de sucesso, Choque de Amor. A tentativa de tomar a canção, a dança e o ritmo em si traz boas cenas para a tela e fez o cinema dar boas risadas. Apesar dos ensaios serem uma tragédia no início, é visível como foi divertido para o elenco.
A história não é revolucionária, mas é cativante. Boa parte do público vai se identificar, e rir, com o rumo que tomou a vida de cada um -- seja motorista de Uber, médico do Detran, anunciante de supermercado ou câmera de batizados e casamentos. Quando podemos ver um pouco do dia a dia de cada um, e seus desafios, é instantânea a identificação. E a atuação de todos é elogiável, o que facilita muito.
Apesar de um filme engraçado, e uma das comédias nacionais que mais gostei nos últimos tempos, peca um pouco no drama. Um dos eixos da história é a relação do personagem de Bruno Mazzeo com sua filha, interpretada pela irregular Klara Castanho. Faz sentido e consegue comover o público em alguns instantes, porém outros são bem forçados , beirando o desnecessário -- como uma das cenas finais, que extrapola qualquer noção do aceitável.
Chocante não vai mudar sua vida, e esse nem é o intuito do filme. Mas consegue trazer boas risadas e uma nova esperança para a comédia nacional. E de uma coisa tenha certeza: Choque de Amor vai ficar na sua cabeça por um bom tempo. Afinal, como já diria o grande profeta Plínio: “Num toque me acende o desejo. A onda que irradia o amor me dá um choque choque choque choque de amor.”
BOM
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