1) A história é genérica, mas muito agradável. Pedro Coelho acompanha a vida de um coelho (claro) que tem uma rixa pessoal com um homem que construiu sua casa num terreno que era do pequeno roedor e de sua família. A partir daí, é criada uma espécie de guerra entre os animais e o tal morador. É algo que já foi visto, de certa forma, em O Que Será de Nozes? e no subestimado Os Sem-Floresta. Mas aqui, a briga ganha contornos mais pessoais e tem ecos em fábulas infantis. Fica agradável de assistir.
2) O diretor Will Gluck está um tanto quanto inspirado aqui. Ainda que ele seja um cineasta com muitas limitações -- vide Annie --, o britânico resolver experimentar com este longa-metragem. Ele arrisca uma quebra de quarta parede, rendendo o melhor momento do filme, e faz algumas acrobacias visuais com a “câmera” que mostram um certo entusiasmo com o que está sendo contado. Pedro Coelho não desbancou Easy A como seu melhor longa, mas passou -- com folga -- Amizade Colorida.
3) O visual é muito bonito. Ainda que existam filmes bem mais inspirados visualmente do que Pedro Coelho, é feito um bom trabalho aqui. Os coelhos são bem realistas e absurdamente expressivos, ainda que haja um ou outro erro quando são colocados em contato com humanos. Há um momento em específico -- bem no final da trama -- que há uma interessante experimentação de traços de desenho em cima da história de computação gráfica. Ainda que seja apenas um momento, dá leveza e beleza ao filme.
4) Os personagens são, realmente, muito bons. O roteiro não desenvolve todos os personagens como deveria e tem um problema grave -- que vou falar daqui a pouco, no motivo pra “não assistir”. Mas há de se concordar que a maioria dos personagens são bons. O antagonista vivido por Domhnall Gleeson, que parece estar em todos os filmes existentes no mundo, tem uma personalidade bem definida. Pedro Coelho é o valentão, mas que tem fragilidades. E tem vários coadjuvantes maravilhosos, como o Porco e a Raposa.
5) É o filme que vai dar um refresco pras crianças. Muitos podem argumentar que Viva foi o filme que quebrou uma sequência ruim de animações, como O Poderoso Chefinho, Emoji e Carros 3. Mas o filme da Pixar não é voltado apenas para crianças e os mais pequenos não devem aproveitar muito. Já Pedro Coelho é ideal para os bem pequeninos e, de alguma forma, também deve agradar os pais. Junto com o incrível Paddington 2, é o longa de animação que deve fazer a garotada sorrir junto aos pais.
Ponto negativo: As crianças nem vão perceber isso que vou falar, mas os adultos podem se incomodar. Ainda que o roteiro, escrito pelo próprio Will Gluck e por Rob Lieber, tenha os seus bons momentos de inventividade e bons personagens, ele conta com alguns erros pontuais que tiram o espectador da história contada. Tem a narração insuportável da irmã de Pedro Coelho que só diz coisas óbvias e serve apenas para um gancho final. Ainda há uma ou outra palavra ou expressão que vão deixar as crianças confusas. Faltou cuidado aí.
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