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Foto do escritorMatheus Mans

Resenha: 'A Boa Filha', da TAG Inéditos, é livro tenso, mas sem foco


O romance policial A Boa Filha, da escritora bestseller Karin Slaughter, cumpre bem o seu papel de abrir os trabalhos da caixa literária TAG Inéditos, que se propõe a levar um livro inédito por mês aos seus assinantes. Afinal, é uma história "vira-páginas", que faz com que a leitura se torne incessante -- algo que a empresa frisou que procuraria -- e tenso do início ao fim. Mas a falta de foco narrativo, porém, torna o romance um dos mais esquecíveis da autora.

A história é interessante em seu ponto de partida: Rusty, o patriarca de uma família no interior dos EUA, é um advogado que luta por causas perdidas. Defende assassinos, ladrões e pessoas destinadas à morte -- e que ele acredita que não merecem a punição. Com isso, sua esposa e suas duas filhas acabam sofrendo uma forte reprimenda por parte da cidade em que moram e, como resultado, são atacadas em casa enquanto Rusty trabalhava em outro caso.

O começo do livro tem um ritmo vertiginoso. Ainda que a base da história lembre, e muito, o escopo do romance O Sol é Para Todos, sua narrativa vai se desenrolando de maneira muito diferente. As duas filhas de Rusty -- Sam e Charlie -- são a alma da trama e as consequências do ato visto nas primeiras páginas vão sendo mostradas aos poucos, num bom desenvolvimento de personagem. Sem dúvidas, Slaughter estudou cada traço de personalidade.

A autora também consegue criar uma série de graves situações que vão sendo intrincadas à história de Charlie e Sam. É interessante observar a reação de cada uma, já que as duas possuem personalidades completamente distintas, enquanto Slaughter tece uma teia de tramas agressivas. Sua escrita, que lembra a crueza de Gillian Flynn, ajuda a dar o tom da história.

Só que as coisas logo começam a cair por terra em A Boa Filha. A autora, ainda que muito experiente, cai em armadilhas de escritores iniciantes. Logo depois do impactante acontecimento inicial, ela se vale de uma série de outras complexas e traumatizantes situações para ancorar suas personagens. Sim, elas são bem desenvolvidas e possuem uma boa construção. Mas para por aí, já que a série de acontecimentos usado para isso não vai pra frente.

No final, A Boa Filha se torna uma salada mista: tem a tragédia do início e uma outra logo depois, tem drama familiar, tem thriller psicológico, tem suspense, tem investigação, tem drama de tribunal. A cada virada de página, um gênero. E a cabeça do leitor, enquanto isso, faz um nó -- junto com alguma possível identificação com os personagens, já que a história se torna exagerada.

Além disso, vale ressaltar que a TAG errou feio nessa edição. Feita em conjunto com a editora HarperCollins, o livro, ainda que tenha uma boa capa e diagramação, está cheio de erros. Gramaticais, ortográficos, de concordância. É feio e incomoda durante a leitura. Se continuar assim, será necessário repensar se vale a pena continuar com a assinatura. É esperar pra ver.

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